São Paulo, sexta-feira, 2 de maio de 1997
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Criança já teve 3 vezes a doença

DA AGÊNCIA FOLHA, EM APUÍ (AM)

É praticamente impossível encontrar um habitante de Apuí que nunca tenha tido malária. Luciene Vieira de Jesus, 21, por exemplo, está há três meses no município e já teve duas vezes.
Ela vive em um lote onde foi assentada com o marido, a 53 km da sede de Apuí, por estrada, mais 10 km em trilhas no meio do mato.
Há poucos dias, Luciene estava no hospital de Apuí, mas não tinha malária. Quem estava doente era o filho Luciano, de 1 ano, que já está com a doença pela terceira vez desde que a família chegou à cidade.
"A gente está querendo derrubar a mata para plantar, mas se ficar pegando malária não dá para trabalhar", diz a mãe.
A maioria dos agricultores que vivem na cidade já perdeu a conta de quantas vezes teve a doença.
"Já tive mais de 50", diz João Alves Pereira, 43. Afirma que, nos últimos três anos, teve malária uma vez por mês. Sua mulher e seus sete filhos também já tiveram a doença.
"Tem vez que todo mundo pega ao mesmo tempo e aí não dá para ninguém trabalhar na roça", diz a mulher de Pereira, Maria Aparecida Alves, 43.
Quando a reportagem da Agência Folha visitou a casa do casal, esta semana, duas crianças estavam com malária e outras três tinham a suspeita de ter a doença.
"Se somar todas as malárias, minha família já teve mais de 500", diz Salete Rafaim, 55. Ela fez há poucos dias o exame em seu 12º filho, David, de dois meses. Deu positivo para o tipo vivax, mais fraco.

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