São Paulo, sexta-feira, 2 de maio de 1997
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PM paulista fará nova troca de comando

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Militar de São Paulo vai realizar em breve uma nova troca de comandos de unidades, com remanejamento de coronéis.
Antes dos episódios na favela Naval, em Diadema (ABCD), local onde PMs foram flagrados espancando civis, estava previsto o remanejamento de cerca de 12 dos 54 coronéis da corporação. Isso acabou não acontecendo.
Na verdade, foram trocados de posto nove coronéis, mas tudo por conta dos afastamentos de Paulo Miranda de Castro, ex-corregedor da PM, Luiz Antonio Rodrigues, ex-comandante da PM no ABCD, e Coji Yanaguita, ex-comandante da PM na zona sul de São Paulo.
Todos estiveram envolvidos, de alguma forma, com a profunda crise que se instalou na PM depois do caso de Diadema.
Um mês após a divulgação da fita de vídeo com as imagens de violência policial, e acuada pela proposta de emenda constitucional do governador Mário Covas que lhe tira o poder, a PM tenta reagir.
Em encontro que reuniu todos os oficiais de relações públicas da corporação no Estado, foi lançada a campanha "Somos muitos, não somos alguns", que tem por objetivo levantar o moral da tropa.
Agora, o próximo passo é mexer no topo da pirâmide hierárquica da corporação, trocando alguns comandos. "Que precisa mexer, precisa. Faz tempo", afirmou ontem um coronel que preferiu não se identificar.
O subcomandante-geral da PM, coronel Carlos Alberto da Costa, que volta de férias na próxima segunda-feira e que também sofreu desgaste com o episódio de Diadema, admitiu a possibilidade de haver mais uma movimentação de coronéis. Ele nega, no entanto, que a troca de comandos tenha algo a ver com a recente mexida na cúpula da Polícia Civil.
O primeiro remanejamento acontece na assistência militar da Assembléia Legislativa, onde o coronel Roberto Lemes da Silva cede lugar para o coronel Wagner Cintra, diretor de ensino e instrução da PM. A troca será oficializada na segunda. Ainda não foi definido o destino de Lemes da Silva.
Costa afirmou que a assistência militar é cargo de confiança e a substituição é prerrogativa do presidente da Assembléia, no caso o deputado Paulo Kobayashi (PSDB). No entanto, a Folha apurou que já existia há algum tempo uma pressão para retirar Lemes da Silva do posto.
A intenção era levar para o cargo o coronel Avivaldi Nogueira Júnior, ex-comandante da PM em São José dos Campos, mas ele teve que assumir às pressas o policiamento do ABCD, no lugar do coronel Luiz Antonio Rodrigues.
Meia prontidão
A prontidão geral de todo o efetivo da Polícia Militar no Estado durou das 6h às 13h de ontem. Segundo o subcomandante-geral da PM, coronel Costa, o aquartelamento foi substituído por uma ordem de sobreaviso porque o dia foi calmo.
Ele negou que a prontidão tenha sido decretada pelo coronel Claudionor Lisboa, comandante-geral da PM, para tentar evitar possíveis manifestações de soldados, cabos e sargentos contra os baixos salários. Ou até mesmo pelos boatos de que poderiam acontecer atos isolados de protesto contra a proposta de mudanças de Covas.
Apesar da negativa, Costa confirmou que uma ordem de prontidão geral como a de ontem não acontecia fazia algum tempo.

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