São Paulo, sexta-feira, 2 de maio de 1997
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O PROVÃO

Para além dos inegáveis efeitos positivos da estabilização da moeda, as iniciativas mais auspiciosas (embora ainda incipientes) do governo FHC parecem estar no campo da educação, seja no ensino básico e fundamental, seja no superior.
É evidente que as enormes dificuldades do país nessa área especialmente carente estão ainda muito, muito longe de ser superadas, mas, ao menos, nota-se que o Planalto está tentando enfrentá-las.
A introdução do sistema de avaliação em todos os níveis é um imperativo para todos aqueles que desejam ver aprimorar-se a qualidade do ensino brasileiro, requisito básico para a formação de um país mais justo.
Em primeiro lugar, a avaliação possibilita a detecção dos problemas, a distribuição mais lógica dos recursos e, ao criar alguma concorrência, tende a retirar muitas das instituições do estado de apatia em que caíram, sobretudo no setor público.
Os resultados do chamado provão já aplicado no ano passado para algumas especialidades do terceiro grau são exemplo claro de como a simples avaliação pode vir a provocar mudanças salutares em muitos estabelecimentos. Para além dos efeitos já mencionados, o provão criou, entre os alunos de algumas escolas que foram mal-avaliadas, uma mobilização pela melhoria do ensino.
É mais do que evidente que, quando a cobrança parte dos próprios interessados, as alterações tendem a ser mais rápidas e mais profundas.
A iniciativa, porém, encerra riscos. Sem o máximo cuidado na elaboração das provas, elas poderiam virar uma espécie de mínimo necessário para cuja resolução -e apenas para ela- as escolas envidariam esforços, descuidando dos demais requisitos necessários à formação de um bom profissional; fenômeno análogo ao dos "cursinhos", que apenas ensinam a enfrentar o vestibular.
Mas toda e qualquer ação envolve riscos e, no caso da educação, o risco maior é simplesmente não agir e deixar tudo como está. Seria como que condenar o país à condição de nação periférica por um longo tempo.

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