São Paulo, domingo, 4 de maio de 1997
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Ex-jogador de futebol vence maratona na cadeia

DA FOLHA CAMPINAS

Preso há dois anos com 12 pedras de crack, Walmor Fernando Montanhini, 22, cumpre pena na Cadeia Pública do São Bernardo e virou notícia no mês passado por ter vencido a "Maratona Esportiva" promovida entre os detentos.
Ele participa de quase todas as atividades do presídio, lê de Paulo Coelho a Milan Kundera e diz que a ocupação ajuda a "tirar pensamentos ruins".
Montanhini disse que se envolveu com drogas para agradar a uma garota. "Na época, eu era jogador de futebol. Joguei com o Roberto Carlos no União São João, com o Luizão no Guarani e com o Juninho no Ituano. Mas o crack acabou com tudo", disse.
A mãe de Walmor, Moêma Anita da Conceição Montanhini, 49, incentiva as atividades no presídios. "O trabalho que existe na cadeia é fundamental para a recuperação do preso", disse.
Moêma faz parte do Conselho Comunitário de Campinas, que se propõe a ajudar presos e familiares. Ela usa seu tempo percorrendo cadeias e distritos da cidade.
"Descobri outro mundo depois que meu filho foi preso. Essas pessoas precisam de muita ajuda para sair e se reintegrar à sociedade."
O Conselho Comunitário presta auxílio social, jurídico e psicológico. Existe desde 1972 e é mantido com verbas da prefeitura, da Feac (Federação das Entidades Assistenciais de Campinas) e contribuições isoladas.
Violência
A Casa de Detenção de Hortolândia já foi uma das mais problemáticas da região. Por possuir muralhas de até 9 m, é para lá que são mandados os presos considerados de maior periculosidade.
Em 95, a cadeia registrou três rebeliões -uma delas com seis mortos- e mais de 20 fugas.
Em 96, o número de rebeliões caiu para zero.

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