São Paulo, domingo, 4 de maio de 1997
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Maior atenção pode influenciar

DA REPORTAGEM LOCAL

A maioria dos especialistas brasileiros em reprodução artificial ouvidos pela Folha admite a hipótese de que os bebês de proveta tenham uma inteligência acima da média.
Para os médicos, o fator determinante que desencadearia essa maior capacidade intelectual seria a extrema dedicação dos pais de filhos fertilizados in vitro, tese também esboçada pelo estudo francês.
"Qualquer casal valoriza seu filho, mas os pais de bebês de proveta valorizam ainda mais suas crianças", diz Dirceu Mendes Pereira, da clínica Profert. "Num ambiente desse tipo, é possível que as crianças se desenvolvam mais rapidamente."
O especialista em reprodução artificial Roger Abdelmassih, que classifica as crianças que resultam de fertilização in vitro como "bonitas e sadias", concorda com o raciocínio de seu colega de profissão.
"Não é porque os embriões são selecionados em laboratório que os bebês de proveta seriam mais inteligentes", afirma Abdelmassih. "O que pode ajudar nesse sentido é o grau de atenção que os pais dedicam ao filhos, tão desejados e difíceis de conseguir."
Outro ponto lembrado pelos médicos é bom nível socioeconômico dos pais de bebês de proveta, o que também propiciaria melhores condições para que as crianças desenvolvessem seu potencial intelectual.
A tese de que a fertilização in vitro selecionaria espermatozóides e óvulos de melhor qualidade, que originariam um recém-nascido com melhor material genético e, possivelmente, mais inteligente, é descartada pela quase totalidade dos médicos.
O médico Milton Nakamura é um dos poucos que não refuta essa hipótese. "Os bebês de proveta são crianças mais altas, mais fortes, que quase não precisam de tratamento médico", diz Nakamura. "Sempre recomendo que os pais testem o QI de seus filhos."
Segundo Nakamura, para haver uma boa fertilização artificial, os melhores espermatozóides devem ser selecionados e os óvulos devem ser colhidos em seu apogeu. Por isso, afirma ele, poderia haver mais superdotados entre essas crianças.
Há também médicos que simplesmente descartam qualquer insinuação de que os bebês de proveta possam ser mais inteligentes do que a média das crianças.
"O estudo francês peca pela amostragem pequena", diz Nilson Donadio, especialista em reprodução da Santa Casa de São Paulo.

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