São Paulo, domingo, 4 de maio de 1997
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Mãe de 3 crianças de proveta acha filhos normais

DA REPORTAGEM LOCAL

O casal de advogados Mary Luci e Arnaldo Bonoldi Dutra, pais de quatro filhos gerados por métodos de reprodução artificial (Danilo, 8, e os trigêmeos Dante, Sofia e Lenora, 3), considera absurda a teoria de que os bebês de proveta seriam mais inteligentes.
Tanto a explicação biológica como a comportamental, que tentam justificar a possível maior capacidade mental dos bebês concebidos por fertilização in vitro, não os convencem de forma alguma.
"Isso é uma bobagem. Não tem nada a ver", disse Mary.
A advogada argumenta que se essa tese fosse verdadeira sua casa estaria cheia de crianças superdotadas. Para ela, sua família é a prova acabada de que essa teoria não tem fundamento.
Mary diz que seus filhos têm um grau de inteligência considerado normal. "Posso até dizer que uma das crianças se sobressai e é mais madura pela idade que apresenta. Mas é assim em qualquer família que tenha vários filhos", disse a advogada.
Mary afirmou que a maioria das pessoas logo deduz que os trigêmeos Dante, Sofia e Lenora são de proveta. "Todo mundo sabe que é muito difícil alguém ter trigêmeos de forma natural, mas eu não ligo para isso", disse Mary.
Como todo irmão mais velho, Danilo, nascido com a ajuda de uma técnica de reprodução artificial chamada Gift, sente um pouco de ciúme do sucesso dos trigêmeos junto às pessoas. "Ele sempre quis um irmãozinho, mas três de uma só vez foi demais para ele", afirmou a advogada.
Amor maior
A dona-de-casa Solange Galvão, 41, mãe dos gêmeos de proveta Rodrigo Antonio e Flora Carolina, 4, também considera uma bobagem a teoria de que as crianças nascidas de FIV seriam mais inteligentes.
"Minhas crianças são normais. Não vejo nada de diferente nelas", afirma Solange.
Solange diz que o amor e a dedicação dos pais de bebês de proveta tendem a ser maior do que o dos pais de filhos concebidos de forma natural. "Toda a alegria que os meus filhos me proporcionam é superlativa," diz ela.
O amor desmesurado pelos filhos já fez a mãe de proveta protagonizar cenas engraçadas. "Sou a única mãe que chora quando vê os filhos dançarem em festa junina", conta ela. "As pessoas pensam que eu sou maluca."
Embora Solange, como a maioria dos pais de bebê de proveta, negue superproteger seus filhos, os médicos dizem que esse é um traço comum nos casais que lutaram contra a natureza para conseguir ter descendentes.

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