São Paulo, terça-feira, 6 de maio de 1997
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Após críticas, FHC elogia o Judiciário

Presidente afirma respeitar a lei e a Justiça

FERNANDO GODINHO
ENVIADO ESPECIAL A MONTEVIDÉU

No seu segundo dia de visita ao Uruguai e às vésperas de uma decisão judicial sobre a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, o presidente Fernando Henrique Cardoso mudou seu discurso em relação ao Judiciário.
Ontem, em duas oportunidades, ele deu declarações ressaltando a importância da Justiça no país e afirmando que seu governo cumpre as decisões judiciais. Desde dezembro do ano passado, decisões da Justiça vinham sendo criticadas por FHC (veja frases nesta página).
Ao adotar uma posição mais conciliatória, previu que a Justiça vai confirmar o leilão da Vale, o que será "uma decisão positiva".
"O governo sempre respeitou a Justiça, que, no tempo em que lhe for conveniente e próprio, tomará a decisão. Nesta matéria, não há controvérsias", disse FHC.
Segundo o presidente, "a relação institucional tem que ser mantida com muita tranquilidade, para que a democracia progrida".
Suprema Corte
As declarações iniciais de FHC foram dadas após um encontro com o presidente do Uruguai, Julio Maria Sanguinetti, no Edifício Liberdade -a sede administrativa do governo uruguaio.
FHC reforçou o diálogo conciliatório ao visitar a Suprema Corte de Justiça, onde foi recebido pelo presidente da Casa, Milton Cairoli.
Ao discursar para os juízes -em um castelhano fluente-, FHC disse ser "essencial" para o avanço do Brasil e do Uruguai a valorização das instituições jurídicas "pelo povo e pelos governantes".
"Temos respeito à lei e à Justiça", disse o presidente. Ele parabenizou o Uruguai pela sua "tradição" no direito internacional e afirmou que, ao chegar ao Brasil (seu retorno está previsto para hoje), "nunca" vai esquecer que "a Justiça é fundamental".
Recados
FHC aproveitou a viagem para dar alguns recados para seus opositores. Ao discursar para empresários na Associação dos Diretores de Marketing, ele se referiu indiretamente ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, dizendo que há setores que "querem maior ação sobre a terra".
"Quanto mais se faz, mais se deseja. Isso é normal em uma sociedade democrática: para obter mais, se diz que não se faz nada."
Segundo ele, o governo está dando título de posse a 100 mil famílias rurais por ano (contra 10 mil anuais em governos anteriores).
Ainda no discurso, FHC lembrou que precisa levar adiante as reformas estruturais no Brasil.
"Lançamos grandes reformas ao Parlamento. Mas ainda não estamos com elas. É difícil, porque temos de convencer e discutir. Nem sempre se ganha, mas quando se consegue avançar, o terreno está conquistado para sempre."

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