São Paulo, terça-feira, 6 de maio de 1997
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Manuelzão morre em Belo Horizonte

Personagem de Guimarães Rosa tinha 92 anos

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Manoel Nardy, o Manuelzão, 92, personagem do escritor João Guimarães Rosa (1908-1967), morreu às 7h10 de ontem no hospital Felício Rocho, em Belo Horizonte, após sofrer um segundo derrame cerebral em oito dias.
Manuelzão estava internado desde o último dia 24 para realizar exames, mas já não falava e não conseguia mover o lado esquerdo do corpo, em função da isquemia cerebral sofrida em 28 de abril.
O vaqueiro sofria de uma arritmia cardíaca crônica (distúrbios do ritmo do coração), que facilitava a formação de coágulos no cérebro, já que o sangue não circulava normalmente.
O corpo do vaqueiro foi velado na tarde de ontem na Faculdade de Medicina da UFMG -que mantém o Projeto Manuelzão, ligado à disciplina de internato rural- e será enterrado às 10h de hoje em André Quicé, distrito de Três Marias (a 337 km de Belo Horizonte), onde ele morava.
Às 16h o corpo de Manuelzão seguiu para Cordisburgo (a 115 km da capital mineira), onde o vaqueiro receberia uma homenagem. O corpo seria velado também em Três Marias.
Manuelzão era um dos personagens de Rosa, que acompanhou viagens de vaqueiros em 52. Essa viagem está retratada na obra "Grande Sertão: Veredas".
Manuelzão ganhou fama quando o escritor mineiro publicou o conto "Uma Estória de Amor (Festa de Manuelzão)", do livro "Manuelzão e Miguilim". Ele era um dos quatro personagens de Rosa, além de Bindóia, Zito e Tião Leite, que estão vivos.

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