São Paulo, terça-feira, 6 de maio de 1997
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Agente culpa crack por motim

DA REPORTAGEM LOCAL

A primeira coisa que o carcereiro Cláudio Alves da Silva, 39, fez ao sair da Detenção, depois de passar seis horas e meia sob ameaça de estiletes, foi parar em um bar na esquina em frente à prisão e tomar uma cerveja.
Trêmulo a ponto de não poder segurar o copo, Silva disse que o crack é um dos responsáveis pelo aumento da violência na prisão.
"Agora qualquer moleque se vicia em crack, vai preso e vem parar aqui. Os caras não têm cabeça, se enterram em dívidas. Aí não têm como pagar e fazem qualquer besteira para se safar. Antes tinha mais disciplina entre os presos."
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Silva afirmou que não sabe como a droga entra na prisão. "É a mãe, é amigo, não sei quem leva."
O carcereiro trabalha na Detenção há 12 anos. Foi a quinta vez que ele ficou como refém, mas não foi a pior. "A pior foi há uns três anos atrás, quando eu fiquei no pavilhão 9 (onde ficam presos perigosos)."
Ontem Silva não foi ameaçado pelos presos rebelados, segundo conta. Ele disse que o grupo amotinado não tinha um líder. "Estavam todos unidos. Não queriam nos machucar. Queriam que a diretoria agilizasse a saída deles."
Apesar da vida arriscada, Silva diz que não pretende deixar o emprego. "Trabalho aqui há 12 anos, o que eu vou fazer aos 40 anos?"
As penas dos presos rebelados eram curtas, sendo que um deles deveria ser libertado em julho.

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