São Paulo, terça-feira, 6 de maio de 1997
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Decisão da prefeitura ameaça garis

LUCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo decidiu ontem que vai abrir licitação para contratar novas empresas para fazer a varrição das calçadas e coleta do entulho na cidade.
Até que a concorrência seja finalizada, o serviço passará a ser executado por outras empresas que já trabalham para a prefeitura em outras áreas. Hoje, todo o trabalho de coleta domiciliar, industrial, de entulho e varrição é feito por quatro empresas (CBPO, Vega-Sopave, Cavo e Enterpa).
A medida poderá ameaçar o emprego de cerca de 2.000 garis contratados pelas quatro empresas para fazer esse tipo de serviço. Segundo o presidente do Siemaco (sindicato dos lixeiros), José Moacyr Pereira, se houver demissões, o sindicato reagirá com greve e manifestações.
"Se isso for confirmado e houver a possibilidade real de demissões, vamos parar", afirmou.
Hoje, a prefeitura se reúne às 9h com as empresas para comunicar a decisão tomada em uma reunião entre as secretarias das Administrações Regionais e de Obras e o prefeito Celso Pitta.
Segundo o secretário das Administrações Regionais, Alfredo Mário Savelli, um dos contratos -de varrição e coleta de entulho- venceu no último dia 30 de março.
As empresas pedem que a prefeitura faça um aditamento desse contrato e ainda conceda um reajuste de 6,8% no valor repassado. Mas a prefeitura afirma que juridicamente isso é impossível.
"Não podemos fazer isso. É contra a lei", disse ontem Savelli.
O presidente do sindicato das empresas (o Selur), Augusto de Carvalho Alves, afirma que, se a prefeitura mantiver a decisão de romper o contrato, eles vão recorrer na Justiça. "Será a nossa primeira medida."
Segundo Alves, a interpretação que a prefeitura faz do contrato está errada. Ele discorda de que seja impossível continuar o serviço com o atual contrato. "É uma questão de leitura jurídica. E não concordamos com a visão do departamento jurídico da Secretaria de Obras", disse Alves.
O presidente do Selur também não descarta a possibilidade de demitir os 2.000 lixeiros. "Não estamos usando isso para pressionar a prefeitura, mas, se não tivermos mais o serviço de varrição e coleta de entulho, não teremos o que fazer com os funcionários. E é possível que haja demissões."
Segundo o secretário Savelli, a prefeitura vai tentar conversar com os sindicatos e com as novas empresas contratadas após a licitação para tentar evitar as demissões, mas nada mais "pode ser feito". "Nós temos que limpar a cidade e não é possível continuar com esse contrato. Então o que podemos fazer? Temos que contratar novas empresas", disse.

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