São Paulo, terça-feira, 6 de maio de 1997 |
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Corrupção organizada
CARLOS HEITOR CONY Rio de Janeiro - O porta-voz do presidente da República, que não por acaso é ministro das "Comunicações", declarou semana passada, textualmente, que os juristas que deram entrada a ações contra a venda da Vale "estão a serviço dos interesses de grandes fornecedores e empreiteiros". E comunicou: "É a corrupção organizada que se aproveita das estatais para atender a seus interesses".Esse ministro, também não por acaso, é o caixa da campanha eleitoral do atual presidente, que pretende repetir a dose já no ano que vem. Custará caríssimo esse replay dos cinco dedos. E é ele quem fala na corrupção de advogados e juristas, que no exercício de um dever profissional estão formalizando ações na Justiça nascidas de amplos setores da sociedade que estão contra a venda e a suspeitíssima afobação do governo em "abater a dívida externa". Se há alguma coisa organizada neste país, é a corrupção oficial. De Collor, passando pelos anões do Orçamento, pelo Proer, pelos precatórios e agora pelo açodamento de vender as estatais, nivelando-as no mesmo nicho de inúteis, deficitárias e impróprias para a gestão estatal, todos os escândalos maiores da recente vida nacional têm como origem e leito o poder público. E poder público é FHC, é Sérgio Motta, é BNDES, é Banco Central. Poder público é o que gasta dinheiro da nação em propaganda oficial, apresentando números falsos e projetos que nunca serão realizados. Juristas, juízes e advogados cumprem a função abertamente, invocando a Constituição, a lei e os bons costumes. São profissionais de um ofício para o qual se prepararam. Não iludiram o povo com promessas de circunstância para obterem mandatos. Mandatos que custam e custarão caro. Em todo o caso, Sérgio Motta levantou um véu ao falar em corrupção organizada. É do que todos suspeitamos. Texto Anterior: O plano de Maluf Próximo Texto: A miséria da educação Índice |
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