São Paulo, domingo, 11 de maio de 1997
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Encontro reúne presidenciáveis

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

Lula, Genro, Brizola e Ciro criticam FHC

Encontro reúne candidatos à sucessão de Fernando Henrique
Por mera coincidência, uma das mesas do jantar que, na sexta-feira, funcionou como introdução ao encontro das esquerdas, reuniu quase todos os potenciais candidatos de uma eventual coligação centro-esquerdista no Brasil.
Só faltou o ex-presidente Itamar Franco (sem partido), que participou da primeira reunião e era esperado para esse quarto evento, mas alegou doença em pessoa da família para não comparecer.
Os demais estavam à mesa: Luiz Inácio Lula da Silva e Tarso Genro (PT), Leonel Brizola (PDT) e Ciro Gomes (PSDB).
O repórter da Folha provocou: "Por que vocês não disputam uma partida de golfe e quem vencer fica candidato?"
"Eu só carrego os tacos", desconversou Brizola.
"Eu tenho 39 anos. Daqui a 20, terei cinco menos do que o Fernando Henrique tem hoje", desconversou Ciro mais ainda.
Vantagem
Lula arrematou contando vantagem: disse que seu pai tinha um campo de golfe em Garanhuns (PE).
"Aí, não vale. Você leva vantagem", aproveitou Tarso Genro.
Brincadeiras à parte, o encontro das esquerdas latino-americanas vai de fato servir para "conspirar", como diz José Dirceu, em torno da sucessão presidencial.
Lula defende a criação de um movimento amplo, envolvendo não apenas partidos de esquerda (PT, PDT, PSB e agrupações menores), mas também personalidades de partidos que ficarão com a candidatura FHC (como PMDB e PSDB) e grupos da sociedade civil.
Brizola, que jura não ter mais "qualquer projeto eleitoral", concorda. Até sugere o nome do empresário Antonio Ermírio de Moraes (grupo Votorantim, derrotado no leilão da Vale do Rio Doce) como alternativa de candidato.
"Não passa no PT de jeito nenhum", fulmina Lula.
Brizola rende-se e diz: "Lula, você, na nossa casa (o PDT), estará como em sua casa", para desconforto de Tarso Genro.
Ciro discorda, mas em silêncio. Ele também acha que o candidato presidencial dessa eventual coalizão deve ser uma personalidade independente.
A sobremesa chega sem que a conversa evolua para qualquer consenso. Talvez por isso, o assunto muda para concentrar-se em Fernando Henrique Cardoso.
Aí, sim, o consenso é total, na forma de uma chuva de críticas, algumas impiedosas, como a de Leonel Brizola: "O Fernando Henrique é capaz de decorar uma enciclopédia inteira, mas não consegue raciocinar".

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