São Paulo, domingo, 11 de maio de 1997
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Teens admitem ignorar história recente

DA REPORTAGEM LOCAL; DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dos motivos para o sucesso de "O Que é Isso, Companheiro?" entre os teens é óbvio: o assunto é novidade para a maioria.
No colégio Bandeirantes, em São Paulo, uma exibição da fita, em 28 de abril, despertou a atenção dos alunos para a geração dos 60.
Segundo o professor Roberto Nasser, coordenador de história do colégio, a maior curiosidade dos alunos era saber o que aconteceu com os participantes do sequestro. "Todos os anos, quando falamos sobre os anos 60, há muito interesse."
"Eu sabia muito pouco sobre aquela época, e depois do filme fiquei com vontade de pesquisar, muito curiosa para saber como as coisas aconteciam", disse Sabrina Wagner, 17, que assistiu o filme ao lado do pai.
"Fiquei superfeliz quando meu pai me falou que aquele cara (Gabeira) virou ministro do governo Fernando Henrique", disse Sabrina, referindo-se ao deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), cujo personagem é protagonista do filme.
Para Luiz Alvaro Salles, 17, também aluno do Bandeirantes, assistir ao filme também foi uma descoberta. "Só conhecia essa época de ouvir falar, mas depois do filme entendi melhor. Gostaria de saber melhor como eles viviam."
Salles disse que ficou impressionado com as sessões de tortura sugeridas no filme. "Não sabia que a repressão tinha sido tão dura."
"Não sabia que o embaixador tinha sido sequestrado. Imaginei que ia ser tipo "Anos Rebeldes", disse a estudante de odontologia Cláudia Braga, 19, de Brasília, ao deixar o cinema.
Para ela, os jovens hoje estão muito acomodados. "Já se conseguiu tanta liberdade que as pessoas acham que não há mais o que conquistar."
"É bom que eles se interessem. Um filme como esse pode ajudá-los a criar sua próprias utopias", acredita Bruno Barreto.
Exceção
A presidente do grêmio estudantil da escola estadual Alberto Conti, Magda Silva Santos, 16, parece ser uma exceção. Ela se diz "fissurada" pelos anos 60.
"Já li vários livros sobre aquela época", diz Magda.
A presidente do grêmio ainda não assistiu o filme, mas já está planejando junto com os colegas uma semana cultural sobre 68, intitulada "O Ano das Revoluções".

Colaborou a Sucursal de Brasília

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