São Paulo, domingo, 11 de maio de 1997 |
Próximo Texto |
Índice
Impasse ainda cerca reunião da Alca
CLÓVIS ROSSI
Posto dessa forma, o evento parece de interesse restrito a empresários e especialistas em comércio externo. Mas há uma outra forma de falar da Alca capaz de incendiar a imaginação dos consumidores brasileiros e de assustar o empresariado: basta usar a expressão "miamização" do Brasil. Exportações americanas Como? O teorema é simples: 1 - Toda área de livre comércio, como a Alca, prevê a paulatina redução das tarifas de importação para bens procedentes dos países-membros. 2 - Como os Estados Unidos são um dos 34 países da Alca, a produção da hipercompetitiva economia norte-americana entrará no Brasil (e demais sócios da área) sem pagar o imposto de importação. 3 - Logo, o brasileiro, claramente hipnotizado pelas bugigangas a preços convidativos que encontra em Miami, poderá comprá-las, por preços iguais ou parecidos, no Jardim América, em SP, em Ipanema, no Rio, ou no Savassi, em BH. Já as importações norte-americanas de produtos brasileiras aumentaram, no período, apenas 32%, passando de US$ 6,932 bilhões para US$ 9,182 bilhões. O governo brasileiro está atento ao suposto risco de "miamização": "Essa hipótese, que é o pior dos cenários, só se materializaria se não estivéssemos firmemente empenhados na estratégia negociadora seguida até agora", diz Maurício Cortes, vice-ministro de Indústria, Comércio e Turismo. Qual é a estratégia? Deixar pelo menos para 2003 o início da negociação sobre a redução das tarifas de importação. O governo norte-americano gostaria que, já a partir de 1998, começasse a negociação sobre toda a extensa e ambiciosa agenda da Alca, inclusive sobre "acesso a mercados", jargão diplomático para redução de barreiras às importações. Consenso condicional Essa divergência, entre outras menos relevantes, impediu que sucessivas reuniões de vice-ministros elaborassem um documento final pronto para ser assinado pelos ministros no encontro de Belo Horizonte. Por isso, foi convocada, para os dias 13 e 14, uma reunião extra de vice-ministros. Nela, se tentará romper o impasse, embora os diplomatas, mestres nas sutilezas da linguagem, prefiram utilizar a expressão "consenso condicional", cunhada pelo vice-chanceler brasileiro Sebastião do Rego Barros. LEIA MAIS sobre a reunião da Alca nas págs. 2-4 a 2-6 Próximo Texto: Luz no fim do túnel; Migração industrial; Com vítimas; Quem pode, pode; Entrando no debate; Medindo a concorrência; Freio perigoso; Grita internacional; Cenário pessimista; Crédito abundante; Oito ou 80; Na surdina; Santo de casa...; Barreira fiscal; Virando pesadelo; Era das corporações Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |