São Paulo, domingo, 11 de maio de 1997
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Os dilemas da ciência

DA REPORTAGEM LOCAL

Mecânica quântica, a construção da bomba atômica, a teoria do Big Bang, reações bioquímicas e clonagem foram alguns dos temas abordados na 17ª edição da série "Diálogos Impertinentes", que reuniu o poeta Ferreira Gullar e o físico Rogério Cezar de Cerqueira Leite, do Conselho Editorial da Folha, para discutir "A Ciência".
O debate aconteceu no último dia 29, no Teatro de Arena do Tuca, em São Paulo, e teve intermediação de Nelson Ascher, articulista da Folha, e Mário Sérgio Cortella, professor do departamento de teologia da Pontifícia Universidade Católica.
A série "Diálogos Impertinentes" tem apoio da Folha, da PUC-SP e do Sesc (Serviço Social do Comércio).
Na primeira parte do programa, o poeta e físico concordaram que a ciência tanto pode ser um instrumento de libertação quanto de dominação. Leite alertou para o crescente cientificismo da sociedade. "Ela (a ciência) começa a escravizar o espírito", afirmou.
Ciência x arte
Os dois falaram sobre a impossibilidade de união entre ciência e arte, especificamente poesia.
"Esse velho sonho de fazer com que ciência e arte se fundam jamais ocorreu realmente de uma maneira saudável para um ou para o outro. O que acontece é que, de vez em quando, certos resultados da ciência são usados pelos artistas. Mas nunca houve um casamento real entre ciência e arte", afirmou Leite.
Entre os temas que provocaram polêmica, está a idéia de que reações bioquímicas justificariam a origem das reações humanas a situações específicas, que foi questionada por Ferreira Gullar.
"Se nós realmente nos imbuirmos da convicção de que todas as nossas reações são bioquímicas e tivermos isso presente permanentemente dentro de nós, então, realmente, você vira um autômato. Esse conhecimento é uma ficção científica", afirmou o autor de "Luta Corporal".

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