São Paulo, domingo, 11 de maio de 1997
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Plasmódio é mais do que um parasita

JOSÉ REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Como a linguagem comum, a da história natural usa, muitas vezes, a mesma palavra para designar coisas diferentes. Bom exemplo disso é plasmódio ou Plasmodium, nome que se aplica tanto aos parasitas das malárias humanas e dos animais inferiores quanto a determinadas fases do ciclo vital dos mixomicetos ("slime molds", em inglês). Houve tempo em que todos os parasitas das malárias eram colocados no gênero Plasmodium. Mas, depois, essa família se dividiu e passou a abranger dois gêneros -Plasmodium e Haemameba.
A distinção consiste no tipo de glóbulo vermelho do vertebrado. Se seus glóbulos vermelhos têm núcleo, o parasita pertence ao gênero Haemameba. Caso contrário, o gênero do parasita é Plasmodium. Assim, são plasmódios os parasitas do homem, dos macacos, dos lêmures e dos roedores.
Pertencem ao gênero Haemameba os parasitas da malária das aves, dos lagartos e das rãs. A diferença fundamental entre os dois gêneros é quanto ao tipo (nucleado ou não) dos glóbulos vermelhos do vertebrado. Para pormenores relativos aos dois gêneros, consultar "Parasitologia Médica" (Ed. Guanabara Koogan).
Para chegar aos outros plasmódios temos de ir aos mixomicetos, que, para alguns, constituem a linha divisória entre os reinos vegetal e animal. Como esses mixomicetos abrangem vários tipos estruturais, vamos acompanhar a descrição de Sinnott e Wilson em sua conhecida botânica. Os esporos existem em grande quantidade nos órgãos próprios. Cada um desses esporos germina em massa pequena e nua de protoplasma.
Essa massa cresce com o tempo e muda de forma, movendo-se lentamente sobre a superfície dos objetos sólidos (movimentos amebóides). Se existe água, essas células amebóides podem abandonar esse tipo de movimento e formam um flagelo por meio do qual passam a se mover. Mas o cílio dura pouco, e a célula retorna ao movimento rastejante.
Quando essas células isoladas entram em contato, geralmente se fundem numa só célula, chamada plasmódio, que encerra muitos núcleos. Tais células absorvem alimento e podem crescer e atingir o aspecto de massa gelatinosa, que desliza no solo e nos troncos, e pode atingir grande tamanho -25 cm de comprimento.
Os plasmódios podem ser coloridos. Se falta alimento, as células podem migrar e mudar de comportamento, formando parede ou membrana dura e desenvolvendo órgãos de formação de esporos. Isso era o bastante para compreender o que são os "outros" plasmódios, além dos da malária. O comportamento dos mixomicetos varia muito e eles abrangem várias formas.

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