São Paulo, domingo, 11 de maio de 1997 |
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Mostra analisa 100 anos de Canudos
ANA MARIA GUARIGLIA
O líder rebelde, que considerava a nova ordem política um sinal do fim dos tempos, transformara-se para os nordestinos na expressão de crenças e promessas, que ofereciam a alternativa de um mundo melhor. A campanha, que recrutou mais de 6.000 soldados e utilizou armas, canhões e dinamites, está retratada na exposição "História e Ficção: 100 anos da Guerra dos Canudos", que a Pinacoteca do Estado abre hoje, integrando o 3º Mês Internacional da Fotografia. As 103 obras conduzem o observador pelos limites da história e da ficção, abordando inicialmente a documentação oficial do episódio feita pelo baiano Flávio de Barros. São fotos que se voltam para os ideais republicanos, radiografando cuidadosamente a sociedade militar, ciosa de seus privilégios e de sua importância. Existem apenas alguns registros ligados a Canudos. O corpo de Conselheiro, a única foto que realmente interessava difundir, e o da destruição do seu reduto. Na sequência da mostra, 15 imagens nos remetem a Canudos de 1978. Marcos Santilli fotografou a região e entrevistou três sobreviventes da chacina. O depoimento de Eduardo Padi, com 13 anos em 1896, relata o fim do mundo nas degolas dos combates corpo-a-corpo. Esse trabalho é o elo para a introdução de um novo movimento cênico: os "stills" de Estevam Avellar, feitos durante as gravações do filme "A Guerra de Canudos", de Sérgio Rezende (1996). O que mais impressiona nas imagens é expressão dos figurantes, moradores da cidade de Juazeiro, requisitados para serem os seguidores do beato. Eles não parecem estar representando para a câmera, mas interpretando a realidade de suas vidas. Canudos também inspirou os artistas plásticos Aldemir Martins e Poti, que refletiram em gravuras a essência do mundo em que viveu Antônio Conselheiro. Exposição: História e Ficção: 100 Anos da Guerra de Canudos Onde: Pinacoteca do Estado (av. Tiradentes, 141, com entrada pela praça da Luz, 2, tel. 011/227-6329, zona central) Quando: hoje, às 15h; ter e dom, das 10h às 18h; até 1º de junho Quanto: R$ 4 (adultos); R$ 2 (meia); entrada franca às sextas-feiras Texto Anterior: Plasmódio é mais do que um parasita Próximo Texto: Lider era tido como "louco" Índice |
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