São Paulo, domingo, 11 de maio de 1997
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Imagem de Mao é artigo para coleção no ocidente

DO "THE INDEPENDENT"

Estamos no ano de 1997, Hong Kong está retornando à soberania chinesa, e com o mundo voltado para a entrega, a China está em voga. Jornais e revistas do Ocidente apresentam lindas roupas chinesas, reproduzem móveis da dinastia Qing, arte chinesa e cerâmicas. E naqueles salões com design elegantes, não é raro encontrar um rosto familiar. Duas décadas após sua morte, o líder Mao Tse-Tung encontrou seu lugar como um acessório de design.
No Ocidente, pode-se comprar estampas com a figura do "Grande Timoneiro" e camisetas de Mao. Na China, os estrangeiros encontram "Pequenos Livros Vermelhos", pôsteres de propaganda com Mao, e outras lembranças da Revolução Cultural. Há ainda o isqueiro de Mao, que toca a música "O Leste é Vermelho", termômetros de quarto de Mao, pratos e copos de Mao.
As mesmas pessoas nunca pensariam em comprar um isqueiro de Stálin ou um termômetro com a cara de Hitler. Mas no universo dos líderes mundiais cujas políticas resultaram na morte de milhões, os suvenires de Mao são considerados chiques.
Alguém que esteja comendo um sanduíche servido em um prato de Mao provavelmente não vai pensar nas 30 milhões de pessoas que morreram durante o "Grande Salto à Frente" do final dos anos 50.
Os chineses, em sua maioria, não vêem com bons olhos a moda de Mao. Yao Zhongyong, uma dos milhões de jovens chineses "assentados no interior" durante a Revolução Cultural, disse que "o povo chinês ainda sente profundamente aquele período". "Os chineses não se sentem confortáveis ao saber que os estrangeiros gostam da arte e dos artefatos da Revolução Cultural. Todos deveriam saber que aquilo foi uma tragédia", afirmou.

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