São Paulo, domingo, 11 de maio de 1997
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Brusca, 'O Porco', põe sistema em xeque

ANDREW GUMBEL
DO "'THE INDEPENDENT"

Há um ano, houve muita comemoração quando o famoso assassino mafioso Giovanni Brusca foi preso em Palermo.
Afinal de contas, foi ele quem apertou o botão que, em maio de 1992, detonou a bomba que fez explodir o carro em que viajava o juiz Giovanni Falcone, o maior herói da luta anti-Máfia na Itália.
Brusca ficou famoso pela frieza e crueldade. Para punir um informante da Máfia, por exemplo, ele dissolveu o corpo do filho dele, de 11 anos, num banho de ácido.
Algum tempo depois de sua prisão, o próprio Brusca decidiu também colaborar com a Justiça italiana, tornando-se mais um "arrependido".
Foi um choque. A opinião pública começou a pôr em dúvida se o Estado deve dar proteção para um monstro como esse. E passou a questionar até que ponto pode-se confiar nas confissões de Brusca, conhecido como "O Porco".
Suspeitas
Nos primeiros três meses, muito do que Brusca contou revelou-se inverificável ou falso, e os políticos começaram a pedir uma revisão no sistema de colaboração.
A situação se agravou quando, no mês passado, Brusca sugeriu que alguns outros informantes tinham cometido assassinatos enquanto estavam no programa de proteção às testemunhas.
A preocupação do público é compreensível, mas há suspeitas de que esteja sendo manipulada por interesses políticos.
É verdade que o sistema de proteção se transformou numa estrutura enorme. O número de pessoas sob proteção judicial é de 8.000, entre os delatores e suas famílias.
Mas o sistema de proteção de testemunhas tem se revelado uma arma valiosa no combate à Máfia.
O perigo de que a informação fornecida esteja errada é considerado desprezível.
A Justiça verifica tudo, comparando os depoimentos de várias testemunhas e levando em conta as provas materiais, explica o juiz Pier Luigi Vigna, que tem grande experiência no interrogatório das testemunhas.
"Essas pessoas podem até voltar a cometer crimes, mas isso não muda o fato de que antes elas deram informações que podem ser verdadeiras."
(AG)

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