São Paulo, domingo, 11 de maio de 1997
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God Save the Queen

ANDRÉ FISCHER

Na centralíssima confluência de Consolação com Paulista existe sempre uma faixa bem-humorada convocando para algum evento da Nostro Mundo, boate em funcionamento há 26 anos e que ostenta o título de casa gay mais antiga de São Paulo.
Os frequentadores do local formam uma comunidade que já estabeleceu tradições, e uma delas é a cerimônia de coroação da Rainha dos Gays. Há oito anos é escolhida a mulher que pretensamente sintetiza as qualidades esperadas de um ícone gay feminino. As sete musas anteriormente alçadas à realeza foram Elke Maravilha (eleita a rainha eterna), Claudia Raia, Wanderléa, Carmem Verônica, Hebe Camargo (coroada ao vivo em seu programa), Nair Belo e Suzy Rego.
Na última quinta-feira chegou a vez de Adriane Galisteu ser entronada nesse seleto olimpo, em cerimônia com direito a cetro, coroa e manto.
Eduardo Brasil, assessor de imprensa da Nostro Mundo, justificou a escolha por considerar Galisteu "feminina e muito viada".
La Galisteu, que nunca havia entrado em uma boate gay, se apressa em afirmar que "acredita em seres humanos e não em sexualidades" e justifica sua identificação com a comunidade gay. "Após a morte do Ayrton (Senna) fui muito muito discriminada, principalmente depois de expor nossa vida em meu livro. Acho que me identifico com o tipo de discriminação que os gays continuam sofrendo", desabafa.
Mesmo alegando não comprar nenhuma bandeira, a modelo esteve envolvida em vários eventos para a arrecadação de fundos na luta contra Aids, especialmente após a morte de seu irmão. "Uso minha imagem pública em prol da causa e cobro de meus amigos o uso da camisinha", enfatiza a nova rainha.

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