São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 1997
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Cameli ameaça processar deputado

DA ENVIADA ESPECIAL A RIO BRANCO

O governador do Acre, Orleir Cameli (sem partido), negou ontem que tenha comprado votos da bancada de deputados federais do Estado para a aprovar a reeleição e prometeu processar Ronivon Santiago (PFL-AC), caso ele confirme suas declarações.
"Se estivéssemos falando de outro deputado, iríamos até levantar de onde tinha vindo essa conversa. Mas sendo o Ronivon Santiago, que é louco, maluco, débil mental... Se ele confirmar o que disse, levaremos isso para a Justiça."
Segundo ele, sua bancada votou a favor da emenda que pode permitir a Fernando Henrique Cardoso disputar um segundo mandato em apoio ao governo federal.
"Todos nós queremos a reeleição de FHC. Por que eu daria R$ 200 mil ao Ronivon? Você acha que esse Estado miserável tem condições de desembolsar esse dinheiro para comprar deputados?"
Intermediário
Cameli confirmou ter pedido aos deputados do Acre que votassem a favor da reeleição, mas negou que Santiago fosse seu intermediário oficial, como afirmou o deputado Francisco Brígido (PMDB-AC).
"Em um Estado miserável como esse nós iríamos fazer campanha contra o presidente? Nós, que não temos receita própria e vivemos de repasse do fundo de participação? Nunca sofremos ameaças. Mas o que você acha? Votando a favor, tenho muito mais condições de exigir medidas para o Estado", declarou Cameli.
Represálias
"Disse ao Brígido que poderíamos sofrer represálias. Procurei todos os deputados. Não posso ser responsável pelo que um maluco fala. Ronivon nunca foi autorizado a ser meu intermediário."
O governador também negou o envolvimento da empreiteira de sua família, a Marmud Cameli, nas negociações mencionadas por Ronivon Santiago.
"Isso não existe. Meu irmão não se mete em questões políticas e também não tem dinheiro para isso", afirmou.
Cameli disse ainda que os pagamentos que fez à empreiteira CM ocorreram conforme a lei, negando afirmação de Santiago, que o acusou de apressar o repasse de verbas à empresa para que ela pudesse contribuir na compra dos deputados.
Amizade
Também negou que tenha recebido dinheiro do governador do Amazonas, Amazonino Mendes.
"Amazonino é meu amigo há mais de 20 anos. Conversamos sobre reeleição, mas nunca sobre dinheiro. Se alguém anda com a mala preta, não sou eu."
O governador disse achar "legítimo" que deputados condicionem seus votos à concessão de benefícios aos Estados, como afirmou João Maia (PFL-AC). "Somos tão esquecidos, que numa hora dessas temos de negociar os interesses do Estado."

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