São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 1997
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Preso morto no litoral tinha Aids

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PRAIA GRANDE

Três presos morreram e 17 ficaram feridos após a rebelião iniciada na madrugada de ontem na Cadeia Pública da Vila Tupy, em Praia Grande (litoral paulista). Não houve reféns, mas o motim, motivado pela superlotação, não tinha acabado até as 18h de ontem. A cadeia tem 80 vagas nas 16 celas, mas abrigava 275 homens.
No acordo firmado pela manhã entre a polícia e uma comissão de três presos, os amotinados obtiveram a garantia da transferência para presídios da capital e interior de dez detentos condenados a cumprir pena em regime fechado.
Após a remoção dos quatro primeiros, no início da tarde -para a Penitenciária do Estado e o Presídio de Parelheiros, em São Paulo-, os rebelados fizeram novas exigências.
A condição para transferência dos outros seis presos e o consequente fim da rebelião era o compromisso de remoção de 37 detentos que teriam direito a cumprir pena em regime semi-aberto.
O delegado titular de Praia Grande, Elpídio Ferrarezzi, informou que, até a tarde de ontem, tinham sido obtidas três vagas em presídios semi-abertos da Coesp (Coordenadoria dos Estabelecimentos Penais, órgão da Secretaria Estadual de Assuntos Penitenciários).
A rebelião começou à 1h30 de ontem por causa de uma tentativa de fuga frustrada. Os presos abriram um buraco no teto de uma das celas, estavam saindo, mas voltaram ao serem vistos por policiais.
Os policiais não entraram no pátio da cadeia para fazer a revista das celas porque havia grades destrancadas e risco de que funcionários fossem tomados como reféns.
Os presos mortos são José Carlos Moreira Braz, 30, acusado de estupro, José Rosa dos Santos Filho, 26, suposto assassino de uma família inteira em Praia Grande, e Paulo Sérgio Freitas Marques, doente de Aids.
Eles estavam nas celas do "seguro", reservadas aos jurados de morte. Cerca de 20 presos do "seguro" ainda eram mantidos sob ameaça de morte até ontem.
Marques teria morrido com um tiro na cabeça, que os presos disseram ter sido disparado por policiais. Já o diretor da cadeia, delegado Carlos Schneider, afirmou que os autores das mortes foram os rebelados, armados de estiletes.
Os presos atearam fogo em colchões, quebraram as trancas das grades e depredaram parte das instalações da cadeia, anexa à delegacia-sede do município. Bombeiros foram chamados na madrugada para conter o fogo.
A rebelião é a quinta em cadeias da Baixada Santista em menos de um mês. As outras quatro aconteceram no cadeião da Vila Mirim, também em Praia Grande, e nas cadeias do Guarujá e do 1º e 3º DPs, em Santos.

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