São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 1997 |
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Brasil vê ressurreição do Ten Years After
EDSON FRANCO
Todos marcados para este mês, os shows acontecem no Metropolitan, no Rio (dia 19), no Palace, em São Paulo (21), no Teatro da Reitoria, em Porto Alegre (23), e no Circuito, em Belo Horizonte (24). Em entrevista concedida à Folha por telefone, a partir de um quarto de hotel em Barcelona, Espanha, o lendário guitarrista Alvin Lee conta que os palcos brasileiros serão os primeiros a receber o atual reagrupamento dos integrantes originais dessa banda criada nos anos 60, precisamente em 1966. Sem nenhum trabalho novo para ancorar a turnê do grupo, a gravadora EMI está lançando "Pure Blues", coletânea em que a banda roqueira mostra seus alicerces musicais. "Vamos conferir no Brasil se o Ten Years After ainda tem poder para atrair o público. Tudo o que queremos é recuperar a alegria de tocar ao vivo juntos. Mas, se tudo der certo, vamos gravar um disco só com inéditas e lançá-lo no Brasil numa próxima oportunidade", prevê Lee. História Falar de Lee é falar da história do blues britânico. Nascido em Nottingham, Inglaterra, em 19 de dezembro de 1944, ele começou a tocar guitarra aos 12, influenciado por pai e mãe violonistas. "Além disso, meu pai era um colecionador de discos de música negra. Enquanto as outras pessoas ficavam ouvindo Sinatra e música pop, eu mergulhava no blues." Depois de um início de carreira promissor com a banda Jaybirds, criada em sua cidade natal, Lee foi para Londres. Eram meados dos anos 60. Ele começou a ficar famoso, mas deu azar. Londres havia eleito um "Deus", Eric Clapton. Para pagar o aluguel, Lee e os integrantes do que viria a ser o Ten Years After acompanhavam cantores americanos decadentes. Nas horas vagas, cultuavam o amor pelo blues eletrificado. Estrelato Como o santo de casa já estava escolhido, Lee pegou seus parceiros e cruzou o Atlântico. Foi quando o Ten Years After decolou. Era 1967, e a banda se apresentou no legendário Fillmore West, em San Francisco, Califórnia. "Foi uma experiência fantástica. Antes de embarcar, pensei: 'Bem, estou indo para o lugar onde o blues nasceu'. Mas, depois do nosso show, muita gente me perguntava: 'De onde vem esse blues britânico?' E eu respondia: 'Ele vem daqui. Nós apenas o recolhemos e o trouxemos de volta'." Depois, veio Woodstock e a mais incendiária apresentação já registrada da banda. O solo de Lee em "I'm Going Home" entrou para a história como um dos momentos mais luminares de um guitarrista. "Havia um altíssimo grau de excitação e energia no ar naquele dia. Isso sem mencionar o poder inspirador das drogas." Com o fim dos anos dourados da banda, ela foi desfeita. Lee montou um banda própria, participou de trabalhos de outros artistas, montou parcerias e reagrupou o Ten Years After. Jamais conseguiu o mesmo sucesso. E, em busca do encanto perdido, a formação original da banda inglesa Ten Years After (Lee, Leo Lyons, Chick Churchill e Ric Lee) tenta agora mostrar que ainda tem força para sobreviver no cenário atual, que Lee vê com certo desencanto. Hip hop "Quando você ouve alguém cantando ou um solo meu, você tem um resultado humano. Por outro lado, ao ir a um show de hip hop, por exemplo, você vê um cara com um monte de samplers, baterias eletrônicas etc. Não há paixão nesse tipo de coisa." Com uma calma excessiva e pouco comum a um britânico, Lee diz que ainda não definiu o repertório das apresentações no Brasil. "Vamos começar os ensaios na próxima (nesta) semana." Segundo o guitarrista, os shows terão cerca de uma hora e meia, e o repertório vai visitar alguns clássicos que a banda gravou. Provavelmente, "I'm Going Home" estará entre eles. Show: Ten Years After Quando: dia 21 de maio Onde: Palace (al. dos Jamaris, 213, Moema, região sul de São Paulo, tel. 011/531-4900) Quanto: R$ 25 (setor 3), R$ 40 (setor 2), R$ 60 (setor 1), R$ 60 (camarote) Texto Anterior: Músicos da Blue Note recriam hits dos Beatles em novo CD Próximo Texto: Bienal de PE mostra "cara nordestina" Índice |
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