São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 1997
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Rio pode ser decisivo na defesa da capital

DA "FRANCE PRESSE"

Kinshasa, a cidade que em questão de dias pode ser ocupada pelos rebeldes, mas ainda é um reduto do presidente Mobutu, é uma das maiores metrópoles da África, com cerca de 5 milhões de habitantes.
Antiga Leopoldville, fundada em 1881 pelo explorador Stanley, foi uma jóia do império colonial no Congo. Durante algum tempo foi propriedade pessoal do rei belga Leopoldo 2º.
Rebatizada Kinshasa em 1971 por decisão do marechal Mobutu, foi uma cidade de prosperidade para os antigos congoleses -que viraram zairenses em nome da mesma autenticidade que fez a cidade mudar de nome. Mas, com o correr dos anos, sua infra-estrutura se deteriorou em um ritmo ainda maior que a do resto do país.
Como ela fica às margens do rio Congo, que serve de fronteira com o vizinho do mesmo nome, seus habitantes não têm nenhuma possibilidade de escapar de um avanço dos rebeldes, a não ser por via fluvial, deixando o país.
É justamente isso que inquieta as autoridades congolesas, que temem uma chegada em massa de zairenses a Brazzaville. Mas, estrategicamente, a defesa de Kinshasa pode ser bem organizada. A estrada do leste, pela qual os homens de Kabila avançam, tem várias pontes, cuja defesa seria fácil para tropas organizadas.
Em troca, se os rebeldes conseguirem chegar ao aeroporto internacional de Njili (20 km em linha reta do centro da capital), privarão automaticamente a capital dos vôos internacionais -que, em todo caso, já estão sendo desviados para Brazzaville.
Especialistas destacam que os habitantes da capital estão convencidos da iminência da entrada dos rebeldes e não preparam nenhuma resistência. Kinshasa parece ter se convertido em uma "cidade aberta" à rebelião, a não ser que haja uma reação inesperada do que resta das Forças Armadas.
Os observadores revelam que o abastecimento da enorme cidade começa a ser prejudicado e que Kinshasa pode cair por asfixia, não pelos combates. "A contagem regressiva já começou", diz um diplomata ocidental.

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