São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 1997 |
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Zairenses lucram com jornalistas
RICARDO BONALUME NETO
São facilmente reconhecíveis. A maioria é branca, muitos carregam telefones celulares alugados localmente e podem ser vistos em carros também alugados aos zairenses (o normal era US$ 70 a US$ 80 por dia, mas a taxa hoje se aproxima dos US$ 100). Os vendedores ambulantes já se adaptaram ao estilo dos jornalistas. Como muitos usam coletes de caça cheios de bolsos, os vendedores também vendem jaquetas parecidas para quem não trouxe a sua. Os fabricantes de artesanato já tentam vender réplicas de máquinas fotográficas ou câmeras de vídeo feitas de metal, além das tradicionais estatuetas de madeira encontráveis em países africanos. Circulação A circulação dos jornalistas está restrita à cidade. Barreiras do Exército impedem o acesso à região dos combates e mesmo ao palácio presidencial de Mobutu. Quem tentou esperar, perto do palácio, pelo presidente zairense durante sua última chegada a Kinshasa terminou detido, caso de dois jornalistas norte-americanos. O próprio credenciamento para acompanhar a crise zairense está rendendo dinheiro ao Ministério da Informação e ao sindicato de jornalistas, que cobram para entregar uma carteira de identidade que leva no mínimo dois dias para ser expedida. A passagem por barco entre Brazzaville, a capital do Congo, e Kinshasa é outro ponto em que os jornalistas também têm de pagar preços acima da média. Depois de passar por um pente fino no qual todo canto das malas é revistado, eles ainda podem ter de pagar as gorjetas, subornos ou gratificações para mais alguns funcionários ou soldados, que ameaçam revistar tudo de novo caso não recebam o seu. Sentido inverso No sentido inverso, já há um pequeno êxodo de zairenses pelo rio rumo ao Congo, onde forças militares de países ocidentais estão de prontidão para a eventualidade de ter de recolher os europeus ainda em Kinshasa. Barcos da Marinha Real britânica patrulham o rio. Soldados de França, EUA, Reino Unido, Portugal e Bélgica aguardam no país vizinho a eventual necessidade de resgatar os ocidentais -inclusive os jornalistas. Ontem, o governo norte-americano diminuiu ainda mais o número de funcionários em sua embaixada em Kinshasa -de 37 para 25. Antes da guerra, a representação chegou a ter mais de 50 empregados. (RBN) Texto Anterior: Rio pode ser decisivo na defesa da capital Próximo Texto: Os personagens da crise Índice |
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