São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 1997
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Câmara abre sindicância para apurar a compra de votos revelada por gravações

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), criou uma comissão de sindicância para apurar, no prazo de sete dias, a compra de votos a favor da reeleição, segundo gravação revelada pela Folha.
O bloco de oposição (PT, PDT, PC do B e PSB) apóia a decisão de Temer, mas quer ampliar as investigações e propôs a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).
"Não haverá contemplação. Se houver culpa, os envolvidos serão punidos", disse Temer. "Se as conclusões da sindicância forem desfavoráveis, vamos instalar processo para cassação."
Temer disse que vai examinar a proposta de CPI feita pela oposição assim que ela for oficializada. "Não sou contra a CPI, mas vamos primeiro verificar o que conclui a sindicância."
Cassação
A comissão de sindicância, coordenada pelo deputado Severino Cavalcanti (PPB-PE) começou a trabalhar ontem para definir o cronograma de depoimentos.
"Se as denúncias forem confirmadas, é caso de cassação", disse Cavalcanti. Segundo ele, se houver indícios de envolvimento dos governadores Orleir Cameli (AC) e Amazonino Mendes (AM), as conclusões da comissão serão encaminhadas ao Ministério Público.
Integram a comissão os deputados Paulo Bernardo (PT-PR), Ibrahim Abi-Ackel (PPB-MG), Paulo Gouvea (PFL-SC), Edinho Araújo (PMDB-SP) e Luís Máximo (PSDB-SP).
Os líderes da oposição consideram que a comissão de sindicância tem atuação restrita: não poderia quebrar os sigilos telefônico, bancário e fiscal dos envolvidos, nem investigar os governadores.
Ontem, deputados da oposição começaram a colher assinaturas para criação de uma CPI em duas frentes. Há um requerimento para instalação de CPI na Câmara e outra no Congresso. Uma CPI do Congresso teria instalação imediata e na Câmara precisaria ser aprovada pelo plenário.
A direção nacional do PFL se reúne hoje de manhã para discutir quais providências serão adotadas em relação aos quatro deputados do partido envolvidos na denúncia: Ronivon Santiago, Zila Bezerra, João Maia e Osmir Lima.
O líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), afirmou que há duas correntes no partido. Uma ala quer a expulsão imediata dos quatro. Outra propõe a suspensão da filiação até que o caso seja apurado.
A oposição tentou, mas os governistas conseguiram evitar que a tramitação da emenda da reeleição no Senado fosse interrompida.
O senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) apresentou requerimento à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) pedindo que a tramitação da emenda ficasse suspensa, até que a Câmara dos Deputados apurasse as denúncias. O requerimento foi rejeitado por 19 votos contra 4.

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