São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 1997
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Traficante pagou fuga na Detenção

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O traficante Antônio Mota Graça, 42, o "Curica", disse que pagou US$ 10 mil para fugir da Casa de Detenção, no Carandiru (zona norte de São Paulo). A fuga ocorreu em dezembro de 1992, e a recaptura, anteontem.
Graça, segundo a PF (Polícia Federal), é o mais importante membro brasileiro do cartel de Cali (Colômbia). "Não tenho nada a declarar sobre isso."
Mas, sobre a fuga da prisão, disse que ela lhe foi aconselhada por outros presos e que teve a ajuda de "pessoas de fora da cadeia" para se livrar "daquele inferno".
Graça escapou quando ia depor num inquérito em que uma carta anônima o apontava como o autor de um homicídio em Itapecerica da Serra (Grande São Paulo). No caminho dessa cidade, a escolta teria sido rendida.
Após a fuga, foi à casa da família de um amigo e, depois, foi para o Amazonas, onde, com documentos falsos, disse ter embarcou num navio para a Itália.
Foragido, Graça disse que passou pela Alemanha, Espanha, Inglaterra, México, Venezuela, Colômbia e Peru. Negou ter traficado. "Sobrevivi como taxista, entregador de pizza e garçom."
Ele está condenado a dez anos e oito meses de prisão por causa de um carregamento de 413 quilos de cocaína apreendido em São Paulo em 18 de março de 1991.
"Graça é o homem de confiança do cartel de Cali para o transporte de grandes carregamentos de droga em território brasileiro", disse o delegado Paulo Roberto Dias, da PF.
Segundo Dias, ele também participava do grupo preso com 7,5 toneladas de cocaína em uma fazenda em Tocantins, em 1994.
Graça foi preso anteontem com a mulher, Samia Hadock Lobo, em um posto de gasolina, em Cajamar (Grande São Paulo).
Ele usava um passaporte e uma carteira de identidade espanhóis em nome de German Gonzalez Vega e teria pedido aos policiais que "quebrassem seu galho" rasgando os documentos falsos, que lhe teriam custado US$ 600 em Bilbao (Espanha). Por causa do pedido, responderá a mais duas acusações: corrupção ativa e falsidade ideológica.
Sua mulher também foi presa e acusada de corrupção. Piloto de avião e dona de fazendas em Tocantins e em Roraima, Samia conheceu Graça em 1980 e tiveram dois filhos. Graça havia chegado ao Brasil em 23 de abril. Viera de Lima (Peru) e desembarcara no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande SP). "Queria rever meus filhos após quatro anos sem vê-los."

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