São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 1997 |
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Europeus roubam dos EUA a liderança no mercado de disco
LUIZ ANTÔNIO RYFF
Para se ter uma idéia do que isso representa, essa diferença de 1% é o tamanho do mercado do Oriente Médio e da Turquia, ou da África inteira. Em dinheiro, isso significa quase US$ 400 milhões. Esses números fazem parte do relatório anual da IFPI (a sigla em inglês para a Federação Internacional dos Produtores Fonográficos), que deve ser divulgado nos próximos dias. Vale do Rio Doce Pelo relatório, sabe-se que, no ano passado, foram vendidos, no mundo inteiro, 4 bilhões de discos -entre CDs, cassetes, LPs e singles. Um mercado que movimentou US$ 39,8 bilhões. O suficiente para a compra de 12 empresas como a Vale do Rio Doce. Em relação ao ano anterior, o volume de vendas global cresceu 4%, enquanto o faturamento aumentou 6%. Os EUA tiveram uma progressão abaixo da média -apenas 2%. Não foi o único dos principais países no ranking fonográfico a ter um fraco desempenho. A Alemanha, Holanda, França e Itália, que estão entre os dez principais mercados, também ficaram abaixo da média mundial. Para a indústria fonográfica japonesa e canadense, entretanto, o ano passado foi pior. Nos dois países, o consumo caiu. O relatório da IFPI ressalta também os bons desempenhos de Brasil, Austrália e Inglaterra, que continuam com altas taxas de crescimento. No caso do Brasil, por exemplo (leia texto ao lado), o faturamento subiu 35%. Cinema e vídeo Segundo o Escritório Europeu da Música, na Europa, a indústria da música equivale a duas vezes e meia o volume de negócios das indústrias de cinema e vídeo no continente. E ela é responsável pelo emprego de cerca de 600 mil pessoas. Números que têm crescido nos últimos anos. Não é por acaso que as duas principais feiras da indústria fonográfica aconteçam na Europa: em Colônia (Alemanha) e em Cannes (França). Há alguns fatores para isso. Um deles é o fato de que três das cinco principais gravadoras são européias. A PolyGram é holandesa, a BMG é alemã e a EMI é inglesa. As outras duas, a Sony e a WEA, são, respectivamente, japonesa e norte-americana. Britpop e dance music A mudança da geopolítica fonográfica confirma uma tendência já detectada nos últimos anos. Mais recentemente, ela foi provocada em parte pela explosão do britpop e da dance music, que impulsionou a venda no velho continente e, em contrapartida, pela queda de vendagem de discos de medalhões como Michael Jackson, Prince, Madonna e R.E.M., que não têm conseguido alcançar o volume de vendas de outrora. "Os ícones norte-americanos não estão puxando tanto a vendagem, que, com isso, ficou pulverizada. Em todos os países houve um aumento de consumo de música local", afirma Manolo Camero, presidente da Flapf (Federação Latino-Americana dos Produtores Fonográficos). Hoje, na Europa, a principal música consumida é feita no próprio continente. Na França, por exemplo, a música produzida no país detém 54% do mercado. Há dez anos a situação era bem diferente. Os discos "made in USA" respondiam por 36% do mercado mundial, enquanto os europeus ficavam com 28%. Na Inglaterra, por exemplo, a produção local ficava com 48% do mercado há cinco anos. Hoje, depois do advento do Oasis e das Spice Girls, a produção local já responde por mais de 55%. Próximo Texto: Brasil não é mais 'primo pobre' Índice |
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