São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 1997
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Cannes discute crise da crítica e 'morte' do cinema moderno

ALMIR LABAKI
DO ENVIADO ESPECIAL A CANNES

A morte do cinema e a crise da crítica foram os temas centrais do debate "Encontro do Cinquentenário - O Cineasta, o Cinéfilo e o Crítico", o braço teórico das celebrações deste ano.Bernardo Bertolucci presidiu a discussão dos dez cineastas e sete críticos.
Falou sobre "a perda de memória da nova geração em relação ao cinema". E questionou: "a crítica acompanha esta mutação?".
Jane Campion ("O Piano"), pragmática, disse achar "duro acreditar na crítica em geral".
Derek Malcolm, presidente da Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica, respondeu de pronto: "a crítica está sob terrível pressão. Nossos editores preferem fofocas, fotos ou uma declaração de Michael Jackson. Querem críticas curtas e estrelas".
"Quem precisa da crítica?", perguntou a pesquisadora norte-americana Annete Insdorff, da Columbia University. "Certamente não 'O Mundo Perdido -Parque dos Dinossauros 2', um filme que se relaciona diretamente com o espectador. O cinema independente é que precisa da crítica para ser conhecido."
O diretor Roman Polanski ("Busca Frenética") combateu a excessiva tendência nostálgica dos diretores. "Começaram a falar na morte do cinema na transição do cinema mudo ao sonoro. Estamos novamente à beira de grandes transformações. O cinema não está morto, está novo".
E comparou o pessimismo atual com a chegada das gravações musicais. "O disco não matou o concerto. O homem sempre amou o espetáculo, seja o teatro grego ou o circo romano".
Quanto à desinformação, disse: "se um jovem não conhece Murnau, conhece Stallone. Pode não ter visto Chaplin, mas continua cinéfilo. Não se pode esperar que o grande público conheça a história do cinema".
(AL)

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