São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997
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Oposição entrega pedido de CPI à Câmara

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O bloco de oposição (PT, PDT, PSB e PC do B) reapresentou ontem projeto de resolução que cria CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre a compra de votos de deputados para aprovar a emenda que permite a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso.
A oposição tem 211 assinaturas de apoio à instalação da CPI. Até as 18h, quando o projeto foi protocolado junto à Mesa da Câmara, os oposicionistas haviam conseguido o apoio de 212 deputados.
À noite, a liderança do PDT apresentou mais três adesões, aumentando a relação para 215, mas por volta de 20h quatro deputados do PSDB retiraram suas assinaturas, reduzindo as adesões a 211.
A oposição vai tentar reunir 257 assinaturas em apoio à votação do projeto de CPI (faltam 46), pelo plenário da Câmara, em regime de urgência. Com esse apoio, a CPI poderá ser instalada se aprovada em plenário por maioria simples (metade mais um dos presentes).
Pressão
O pedido do líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (PB), e o temor de perder verbas federais para seus Estados estão levando deputados do partido a retirar a assinatura do pedido de CPI.
Após uma reunião do PMDB da Paraíba, no gabinete do deputado José Luiz Clerot (PB), ontem, o deputado Roberto Paulino (PB) relatou a preocupação da bancada.
"A relação com o governo pode ficar difícil com a CPI. A Paraíba é um Estado pequeno, precisa de recursos. Vamos ver se isso (o pedido de CPI) não vai impedir a remessa de recursos", disse Paulino.
Clerot, Paulino, Ivandro Cunha Lima (PB) e José Aldemir (PB) assinaram o pedido de CPI. Clerot afirmou que não vai retirar a sua assinatura. "Por que não pedem para o Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) retirar?", perguntou.
Luís Eduardo disse que não retira seu nome: "Assinei por convicção. A mim o Inocêncio (líder do PFL) não vem pedir. Assinei porque o João Maia (sem partido-AC) citou o meu nome nas gravações."
Geddel pediu aos vice-líderes para convencer os peemedebistas a retirar seus nomes. A articulação começou a dar resultado ontem.
O deputado Oscar Andrade (RO) confirmou que recebeu o pedido de Geddel: "Assinei no afã de atender os amigos. Mas vou atender o líder, sem pedir nada. Precisamos moralizar a Casa".
Darcísio Perondi (RS) prometeu retirar seu nome: "A sindicância liquida tudo. Para que CPI?".
Djalma Cesar (PR) argumentou que assinou o pedido "quando ainda não havia a sindicância". Genésio Bernardino (MG) disse que vai aguardar o resultado das apurações: "Retirarei ou não dependendo da sindicância".
Parte da bancada resiste à retirada de assinaturas. Moacir Micheletto (PR) foi enfático: "Não retiro. Se existe o corrupto, existe o corruptor." Edison Andrino (SC) também disse que não vai recuar.

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