São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Vítima se preparava para mudar
MARCELO OLIVEIRA
No apartamento que invadiu com a mulher, Maria Cristina de França, 36, mãe de quatro crianças, a mudança já estava toda separada em trouxas de pano. "Queríamos levar as coisas hoje (ontem) para a casa da minha mãe. As crianças já foram, mas a Kombi que ia fazer a mudança foi impedida de entrar." Segundo Maria Cristina, Jurandir trabalhava numa empresa de pavimentação de ruas e era analfabeto. O sonho do casal era equipar a "futura casa" com um estúdio. "Eu trabalhava com filmagens de festas antes da invasão. Tenho uma câmera na casa da minha mãe e queria voltar." Segundo Maria Cristina, Jurandir morreu ao tentar ajudar pessoas agredidas pela PM. "Ele saiu correndo do apartamento, deu um pique e subiu no barranco onde ocorria a confusão. Assim que chegou no alto, ele foi atingido no peito e tombou." Maria é mãe de Jonatan, 9, Jennifer, 7, Jéssica, 5, e Joyce Kelly, 4. Ela disse que, antes do choque, Jurandir teria dito que morreria feliz. "Se eu morrer, morro feliz, pois vou deixar o meu amor debaixo de um teto", teria dito Jurandir. Agora Maria não quer mais mudar. "Ele morreu aqui. Não é justo que eu saia depois do que aconteceu e deixe por isso mesmo." (MO) Texto Anterior: Mortos tinham emprego e eram 'arrimo de família' Próximo Texto: PMs estavam despreparados para ação Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |