São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997
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PMs estavam despreparados para ação

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem balas de borracha, capacetes e escudos a prova de bala, a maioria dos PMs que participaram da ação de reintegração de posse nos prédios da Fazenda da Juta (zona leste de São Paulo) não tinha treinamento recente e equipamentos para agir em distúrbios.
Ao todo, cem dos 139 PMs escalados inicialmente para a operação trabalhavam no patrulhamento das ruas da zona leste. Eles também não tinham bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral.
Mas não estavam desarmados. Eles carregavam revólveres calibre 38 e, em seus carros, mantinham escopetas. Além dos homens do patrulhamento normal, nesse grupo também está incluídos membros do Tático Móvel. Cada carro de Tático Móvel carrega metralhadora e espingarda.
Eles ficaram na linha de frente da invasão. Quando os moradores atiraram pedras, os policiais não tinham como evitá-las. Alguns improvisaram escudos com telhas de zinco, outros, recuaram.
Os únicos policiais que tinham equipamento para participar da ação, os 39 da tropa de choque, só agiram após o início do confronto.
Ao contrário dos grupos de elite da tropa de choque (Rota, COE e Gate), nos pelotões normais da tropa de choque só os oficiais andam armados. Os soldados carregam cassetes, escudos e capacetes.
Em vez de avançarem dispersos como fizeram os PMs da zona leste, o choque age de forma compacta para evitar que, isolados, seus homens sejam rendidos. Além disso, o veículo antidistúrbio da tropa de choque, o Centurion, só foi enviado ao local após o confronto.
Equipado com jatos d'água e lançadores de bombas de gás, o Centurion já foi usado para deter manifestantes que se dirigiam ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.
PM sabia
O comandante do 21º Batalhão da PM, tenente-coronel João Izaias Boscatti, 51, e o chefe do Comando de Policiamento de Área Metropolitano 4 (zona leste), coronel Cauby Zimermann da Costa, já sabiam desde anteontem que os invasores dos prédios iam resistir.
O chefe da zona leste pediu reforços ao comandante do CPM (Comando de Policiamento Metropolitano), coronel Élio Proni. Mas Zimermann recebeu só 17 homens da cavalaria e 22 policiais do 3º Batalhão de Choque. Após o confronto, a tropa que estavam na Fazenda da Juta ganhou reforços.
Novamente, a maioria foi de PMs da zona leste (45). Também foram enviados mais 41 homens do Regimento de Cavalaria 9 de Julho, o Centurion e um helicóptero.

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