São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997
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Protesto anti-rodízio atrapalha marginal

DA REPORTAGEM LOCAL

Caminhoneiros do Estado de São Paulo iniciaram ontem à tarde os protestos contra a inclusão da categoria no rodízio de veículos na região metropolitana.
Por volta das 16h, cerca de 50 veículos se concentraram na rodovia Ayrton Senna, perto do Aeroporto de Cumbica, e fizeram uma "caminhonata" (carreata de caminhões) até a Assembléia Legislativa, no Ibirapuera (zona sul de SP).
Os caminhões ocuparam duas faixas da pista expressa da marginal, causando lentidão na via e atrapalhando o trânsito em diversas avenidas da região.
A votação do projeto de lei que institui o rodízio estava marcada para a noite de ontem na Assembléia Legislativa.
A intenção do governo estadual é incluir os caminhões -liberados no rodízio de 96- no projeto, que terá validade de dois anos.
A "caminhonata" foi promovida pelo Sindicam (sindicato dos caminhoneiros autônomos de São Paulo), que representa cerca de 150 mil trabalhadores no Estado, sendo 1.200 na capital.
Segundo o assessor da presidência do Sindicam, José Gilberto de Lisboa, caso o governo não libere a categoria do cumprimento do rodízio, os caminhoneiros podem suspender a entrega de combustíveis como forma de protesto. "Temos de garantir nosso direito de trabalhar", disse Lisboa.
Já o Setcesp (sindicato das empresas transportadoras do Estado) vai esperar a regulamentação do rodízio por decreto do governador Mário Covas, que deve ser publicado cerca de dez dias depois da aprovação da lei na Assembléia.
O assessor da presidência do Setcesp, Carlos Breda, afirma que a área jurídica do sindicato está preparada para ingressar com uma "enxurrada de ações" na Justiça solicitando a exclusão dos caminhoneiros do rodízio.
"Não temos essa filosofia de atrapalhar a cidade com manifestações, mas não há como deixar de trabalhar uma vez por semana", diz Breda.
Assim como em 96, o projeto de lei que institui o rodízio por dois anos prevê que a cada dia 20% da frota fique proibida de circular, sob pena de multa de R$ 111,02 para os motoristas infratores -valor que dobra na reincidência.
O decreto também deve regulamentar a abrangência do rodízio para dez municípios da região metropolitana (São Bernardo, São Caetano, Santo André, Diadema, Osasco, Guarulhos, Ferraz de Vasconcelos, Taboão da Serra e Mauá, além da capital).
Segundo Breda, muitas empresas vão optar por infringir o rodízio e pagar a multa. "Ninguém vai querer perder o cliente por causa de R$ 100. E, de todo modo, quem vai acabar pagando é o usuário porque as empresas vão repassar o valor da multa ao consumidor."

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