São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997
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Líder 'perdeu a conta' de greves

DA REPORTAGEM LOCAL

Há dois anos e meio no cargo, o presidente do sindicato dos motoristas e cobradores, José Alves do Couto Filho, o Toré, disse que não se lembra de quantas greves a categoria promoveu em sua gestão.
"Todo mês de maio tem alguma greve", disse Toré, filiado ao PT há oito anos. Maio é o mês da data-base da categoria.
Só neste ano, Toré conta em seu currículo duas greves de um dia.
A primeira foi em 22 de janeiro. Na ocasião, a categoria reivindicava participação nos lucros das empresas de ônibus.
Com o protesto, os trabalhadores conseguiram uma participação nos lucros de 96 de R$ 200, pagos em duas parcelas.
A segunda greve, que ele prefere chamar de paralisação, foi no último dia 8. A categoria promoveu uma greve de quatro horas, entre as 3h e as 7h. A greve foi julgada abusiva pelo TRT. "Esses dois protestos foram bem-sucedidos", disse Toré.
Diretor do sindicato há 12 anos, Toré era motorista da Viação Penha-São Miguel. Pernambucano de Garanhuns, a terra natal de Lula, seu ídolo no sindicalismo e na política, Toré mora em São Paulo há 33 anos. "Somos da mesma terra, mas não conheci o Lula em Garanhuns", disse Toré.
O dirigente sindical disse que a greve é a única forma de os trabalhadores pressionarem os patrões. "É a única forma de medir forças com o setor patronal", afirmou.
Ele admitiu que a greve prejudica a população. "Infelizmente, os ônibus são um serviço essencial, que, quando pára, prejudica alguém", disse.
Na assembléia, Toré chegou a defender a proposta de a categoria aceitar os 8% concedidos pelo TRT e só realizar greve se a passagem dos ônibus for reajustada.
"A responsabilidade pela greve é toda nossa (dos presentes na assembléia), não só da diretoria. Depois, não venham queimar a diretoria", afirmou, na assembléia.
O dirigente disse que, apesar de a assembléia ter sido pequena (com cerca de 600 pessoas), a decisão pela greve era legítima. "A nata da militância estava aqui representada", afirmou.
Segundo Toré, a paralisação do dia último dia 8 também foi decidida por uma assembléia pequena e, mesmo assim, o protesto teve grande adesão da categoria.
"Não precisamos mais fazer aquelas assembléias do passado com 5.000 trabalhadores", afirmou.

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