São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997
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Rodízio e caminhões

ALFRED SZWARC

Em recente artigo na Folha ("Rodízio inconsequente", 14/5) o sr. Romeu Panzan, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região, faz críticas descabidas à Cetesb e, por este tortuoso caminho, busca justificar a exclusão dos caminhões do rodízio.
Alegar que a falta de um laboratório para teste de emissão em veículos diesel seja um fato impeditivo para o controle da poluição destes veículos é admitir falta de conhecimento sobre o assunto.
Em nível internacional, o papel fundamental dado a tal tipo de laboratório é o de certificação de protótipos pré-comerciais de motores novos frente aos limites legais de emissão de poluentes.
Portanto, embora idealmente seja desejável dispor de um sofisticado laboratório que custe mais de R$ 5 milhões, a sua falta não tem impedido a Cetesb de fazer seu trabalho dentro da boa prática técnica, utilizando-se de informações geradas por laboratórios da própria indústria automobilística.
As críticas à Cetesb também objetivam esconder a timidez das ações desenvolvidas pelo Setcesp no combate à poluição.
Improcede, assim, a alegação de que a Cetesb não deu orientação técnica às empresas de transporte, pois, de fevereiro a maio de 97, foi dado treinamento a 81 empresas. O número só não foi maior pelo fato de este sindicato ter cancelado a reunião de 5/3/97.
Quanto ao programa de auto-fiscalização de emissão de poluentes previsto no acordo assinado com Setcesp em meados de 1996, infelizmente não se têm evidências de sua implantação até a presente data e tampouco de explicações convincentes que justifiquem o fato.
Antes que se argumente que a implantação do programa seja muito cara ou requeira grande sofisticação tecnológica, citaremos a Coca-Cola e a Kolynos, duas empresas que receberam treinamento e implantaram, com resultados bastante positivos, programas de auto-fiscalização.
A inclusão dos caminhões no rodízio representa o aprimoramento de um processo que procura ampliar o escopo desta ação de prevenção de episódios críticos da poluição para outros poluentes, além do monóxido de carbono.
Os caminhões são fonte significante de emissão de partículas inaláveis (que apresentam potencial cancerígeno e mutagênico) e dos óxidos de nitrogênio.
Além disso, a diminuição do tráfego de caminhões contribui para melhor fluidez do trânsito e menor emissão de poluentes pela frota circulante (em 1996 este ganho correspondeu a cerca de 40% da redução total), reduzindo os riscos de efeitos negativos sobre a saúde e o bem-estar da população.

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