São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Equipe acha que importações começaram a parar de crescer

Governo acredita que os déficits serão menores

CLÓVIS ROSSI
DO CONSELHO EDITORIAL

A equipe econômica acredita que as importações começaram a parar de crescer, o que a leva a esperar déficit comercial entre US$ 200 milhões e US$ 300 milhões para este mês -mais próximo do número inferior.
Com isso, o governo acredita que os números assustadores do primeiro quadrimestre começarão a se tornar menos negativos.
Para o governo, qualquer número entre US$ 10 bilhões e US$ 12 bilhões já estará "de bom tamanho", conforme a Folha apurou junto à equipe econômica.
Pelo menos em parte, a brecada antevista nas importações se deve, na visão do governo, ao efeito das restrições ao financiamento das compras externas, pacote lançado no mês passado e que chegou a provocar uma minicrise com os parceiros do Mercosul, em especial a Argentina.
Esse efeito, como é óbvio, se prolongará e até poderá aumentar daqui para a frente, mas, mesmo assim, o governo não trabalha com a hipótese de novos déficits tão baixos como o projetado para maio.
Limitando o crescimento
"Não é razoável esperar nem a repetição desses US$ 200 milhões a US$ 300 milhões nem que se volte ao patamar de US$ 1 bilhão ao mês", ouviu a Folha junto à equipe econômica -US$ 1 bilhão foi a média mensal do déficit nos primeiros quatro meses do ano.
Números menos sombrios não impedem, porém, que o governo considere as contas externas como uma limitação ao crescimento econômico. Pelo menos na teoria, quanto mais cresce uma economia, mais necessidade de importar ela tem.
Como o crescimento das exportações não acompanha o ritmo das importações, surgem déficits grandes na conta comercial, que se somam ao déficit crônico nas demais transações internacionais, como serviços da dívida, viagens etc.
Sempre em tese, o país poderia chegar ao ponto, em um momento qualquer, de não conseguir financiar tais rombos, uma situação que foi o estopim da crise mexicana de 1994, fantasma que desde então assombra as economias dos países ditos emergentes.
Mas o governo aposta que as providências que tem adotado (como dificultar o financiamento das importações e facilitar o das exportações) impedirão que o país caia na mesma armadilha.
Tanto que projeta para o ano 2000 um déficit em conta corrente (que inclui, além do comércio, as demais transações internacionais) inferior a 4% do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas pelo país em um ano).
É uma porcentagem considerada perfeitamente aceitável, ainda mais que, sempre de acordo com as avaliações do governo, o Brasil é atraente para os capitais externos, com os quais pode financiar o déficit.

Texto Anterior: Ford ultrapassa Volks e lidera ranking de carros importados
Próximo Texto: O Brasil é o maior problema da Argentina, diz Dornbusch
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.