São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997
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MICT prioriza quatro setores de alta "densidade tecnológica

Estímulo é nova tentativa de reequilibrar balança

DENISE CHRISPIM MARIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo decidiu priorizar o aumento da competitividade em quatro setores produtivos: bens de capital, máquinas e tratores agrícolas, autopeças e informática. Outros 12 foram estudados e devem também ser alvos de estímulo.
Os quatro setores eleitos podem ser classificados como de "maior densidade tecnológica".
Isso significa que demandam maior investimento em pesquisas de desenvolvimento de produtos e de prospecção e conquista de mercados -interno e externo.
Contam com um potencial de mercado crescente no mundo, que deverá ser facilitado cada vez mais pelos processos de integração e de abertura comercial.
Peso expressivo
Esse fato poderá dar peso expressivo a essas exportações -dado que interessa ao governo, mesmo que os resultados demorem.
Segundo Antônio Sérgio Martins Mello, secretário de Política Industrial, esses quatro setores também são considerados estratégicos para o desenvolvimento de outros segmentos produtivos.
Funcionam como elos iniciais ou intermediários em cadeias produtivas de importância na geração de divisas e de postos de trabalho, como é o caso das indústrias eletrônica e automotiva.
Os quatro setores foram examinados recentemente -ao lado dos outros 12- no estudo "Ações setoriais para o aumento de competitividade da indústria brasileira".
A avaliação foi concluída pela Secretaria de Política Industrial do MICT (Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo).
Servirá como base para a análise dos demais ministérios da área econômica e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Desde o início dos anos 90, esses setores se viram diante da impossibilidade de atingir o grau de competitividade necessário para sobreviver à abertura de mercado da economia do país.
Seus problemas foram agravados pela ausência de medidas de estímulo e por fatores como:
1) Bens de capital - Houve retração de investimentos e do consumo interno nos últimos anos. As importações avançaram mais do que as exportações;
2) Autopeças - Pressionado pela concorrência dos fabricantes estrangeiros, o segmento se viu "ensanduichado" entre dois setores mais fortes. Teve perda de lucratividade em função do aperto das siderúrgicas -fornecedoras- e das montadoras -clientes;
3) Tratores e máquinas agrícolas - Apresenta capacidade ociosa de 70% atualmente. Em parte, essa situação resulta da descapitalização do setor agrícola e do crédito insuficiente ao produtor;
4) Informática - O setor de componentes eletrônicos, o que mais interessa, é formado por empresas de médio porte.
Tem linhas de crédito reduzidas, baixa escala de produção e pouca capacidade de desenvolvimento de um produto que seja reconhecido internacionalmente pelo design e qualidade.

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