São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997
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Indústrias dão férias para escoar estoque

Comércio vende menos

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A desaceleração das vendas das grandes redes de lojas -que se intensificou depois do Dia das Mães- está se refletindo na indústria de eletrodomésticos por meio da concessão de férias coletivas.
Para adequar os estoques ao ritmo de encomendas das lojas, a Multibrás, que comercializa as marcas Brastemp e Consul, por exemplo, concedeu férias para cerca de 200 empregados da fábrica de São Bernardo do Campo (SP), que produz refrigeradores e freezers.
Esses funcionários entraram em férias no dia 5 de maio e devem retornar à fábrica no próximo dia 25. Cristina Suster, dirigente sindical que trabalha na empresa, diz que a Multibrás, que emprega cerca de 2.500 pessoas, concedeu férias para reduzir os estoques.
Ela conta que outras férias coletivas -programadas para o período de 30 de junho a 20 de julho- já foram anunciadas pela empresa para a mesma fábrica e para um número maior de trabalhadores, ainda não definido. "Mas esse também é um período para fazer manutenção das máquinas."
A Multibrás informa, por meio da sua assessoria de imprensa, que não tem altos estoques e que as férias coletivas acontecem normalmente nesta época do ano para manutenção dos equipamentos.
A Electrolux também colocou boa parte dos seus empregados (3.000 pessoas) em férias coletivas -do dia 22 de abril a 5 de maio- para reduzir os estoques em razão da queda das vendas.
A empresa informa, por intermédio da sua assessoria de imprensa, que as vendas de eletrodomésticas caíram 9% em abril sobre igual período do ano passado. A previsão para este mês é de uma queda dessa ordem ou até maior na comparação com maio de 1996.
Lojas
"As vendas despencaram depois do Dia das Mães. Mais férias coletivas virão por aí", afirma Natale Dalla Vecchia, diretor da Lojas Cem. Na sua rede de 65 lojas, diz, a venda na semana passada caiu 75% sobre a anterior.
O faturamento da Cem, que era da ordem de R$ 4 milhões por dia na semana anterior ao Dia das Mães, caiu para R$ 1 milhão por dia. A expectativa da empresa era de uma queda de 30%, no máximo. Consequência: as encomendas para a indústria caíram 70%.
Dalla Vecchia diz que não tem explicação para uma redução tão acentuada do consumo.
"O que pode estar acontecendo é uma fase de acomodação do mercado", afirma Eldo Moreno, diretor do Magazine Luiza, rede com 78 lojas.
Para o Magazine Luiza, a queda das vendas nesta segunda metade do mês é da ordem de 30%. Para incentivar o consumo, a empresa prepara uma promoção.
"Estamos comprando menos da indústria do que o programado. Não estamos repondo nem geladeiras nem freezers."

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