São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997
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Novos Baianos farão CD com inéditas

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

O ciclo se reinicia. Dezenove anos depois de terem gravado seu último disco juntos -"Farol da Barra", de 1978, já sem Moraes Moreira-, os Novos Baianos voltam aos ensaios para preparar um um disco ao vivo que será lançado em setembro.
"Não é uma volta dos Novos Baianos. É mais uma vinda do grupo, um ciclo que se repete renovado", diz Galvão, letrista de grandes sucessos do grupo.
"Depois de todos esses anos, descobrimos que ainda falamos a mesma língua e ainda temos muitas afinidades", afirma Moraes Moreira,
Inéditas
O disco será gravado durante duas apresentações no Palace, nos dias 31 de maio e 1º de junho. No palco, Baby do Brasil (ex-Consuelo), Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor, Moraes e Galvão relembrarão antigos sucessos do grupo, mas também apresentarão nove músicas inéditas que celebram a volta.
Em uma delas, "Infinito Círculo", a separação e a reunião são cantadas em versos que dizem: "Toda poesia que no coração havia/ o vento levou... só ao vento é permitido/ pelo infinito círculo/ para que a poesia... possa ao coração voltar".
Não é a toa que, se prevalecer a opinião dos Novos Baianos, "Infinito Círculo" deverá dar título ao trabalho.
As outras inéditas -que já estão sendo ensaiadas- são "Flor do Mandacaru", "Eu Sou Nua", "Stand By", "Anos 70, Novos e Baianos", "Jimmy e Janis, It's Fire", "Retrato Pensado", "Terra Que Não Treme" e "A Mídia" -esta, definida por Galvão como um inusitado rap.
As composições são "comunitárias": todos aparecem como autores em todas elas.
"Estamos há duas semanas tracandos em estúdio ensaiando e começaram a surgir todas essas coisas novas", conta Paulinho Boca de Cantor. "Se demorar mais um pouco, saímos com um álbum duplo", completa Baby.
O espírito das novas composições é sintetizado por Pepeu Gomes: "Ouvimos muito os Novos Baianos para fazer as novas músicas. Estamos sendo influenciados por esses trabalhos antigos".
Nos ensaios, que atravessam as madrugadas, o grupo, além de compor, repassa arranjos e letras de músicas como "Brasil Pandeiro", "Preta Pretinha", "Besta É Tu" e "Mistério do Planeta".
Nos dois shows do Palace, os arranjos e instrumentais serão quase os mesmos que transformaram as músicas em hits dos anos 70.
Com uma única diferença, como frisa Pepeu Gomes: "Agora tocamos melhor, somos músicos mais completos do que éramos".
Para Moraes, não há motivos para mexer nos arranjos. "Gostamos muito desse clima anos 70 das músicas. É um material extremamente rico, não é preciso fazer releituras", diz.
Contrato
Os cinco são unânimes em afirmar que o lançamento de um novo trabalho dos Novos Baianos não significa um abandono das carreiras que vêm desenvolvendo.
Por isso, a opção por um contrato que não estabelecesse a obrigatoriedade de um novo CD dentro de determinado período de tempo.
A "nova vinda" dos Novos Baianos foi sacramentada segunda-feira à noite no Rio com a assinatura de um contrato com a gravadora PolyGram.
Pelo contrato, a PolyGram lança o trabalho que será gravado no Palace e tem a preferência caso o grupo resolva gravar mais um disco até o ano 2000.
Depois dos dois shows no Palace, cada um dos cinco volta a seus projetos individuais até setembro, quando a banda fará uma curta turnê pelo Brasil.
"Esta é a chance de ver os Novos Baianos. Vamos matar as saudades de uns e a curiosidade de outros. Quem perder agora, só no ano 2000", diz Baby.

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