São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997
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Dori Caymmi volta ao pai em álbum de canções praieiras

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

Em três décadas de carreira, Dori Caymmi, 53, havia gravado seis discos. Só agora, no sétimo, o músico carioca resolve prestar tributo a sua maior influência -seu pai, Dorival. O resultado é o CD "Tome Conta de Meu Filho, Que Eu Também Já Fui do Mar...", 14 canções praieiras de Dorival.
Radicado em Los Angeles e se preparando para temporada de lançamento do CD no Supremo, a partir desta sexta, Dori explica a razão da volta às origens:
"É uma questão de filho para pai. Fui educado com essas músicas, cresci vendo esse trabalho único que tende a ser esquecido nestes tempos modernos. Sem pretensão, sou o mais indicado para não deixar isso acontecer".
Não são só relações de proximidade familiar, segundo ele: "Meu pai é meu ídolo. Ele, Villa-Lobos, Noel Rosa, Ary Barroso, Pixinguinha, Tom Jobim. Aí, parou".
No próximo disco, Dori pretende focalizar sua própria geração. "Contemporâneos" deve ter canções de Edu Lobo, Chico Buarque, Marcos Valle, Francis Hime, Djavan, Gonzaguinha, Caetano, Gil, Vandré.
Se confirmado, marcará distanciamento ainda maior do artista da composição. Citado como influência maior por artistas que guardam na interpretação seus traços mais marcantes, como Cida Moreira e Renato Braz, explica as razões de sua migração à interpretação:
"O compositor Dori não é muito apreciado pelas pessoas. Nunca fui encarado como grande compositor. Minha geração disparou, eu fiquei para trás. E estou sem inspiração, ainda chocado pela morte do Tom Jobim. Não tenho pressa".
A sombra do pai poderia explicar tal dificuldade? "Sendo filho de um homem tão importante, você tem que ter respeito. Apesar de minha música não ter nada a ver com a de papai, sua sombra está por trás de tudo que faço", responde.
Não parece haver amargura em suas palavras. "Meus discos são como livros. São objetos de consulta. Não tenho esse deslumbramento com o 'entertainment', como Caetano e Gil", afirma.

Show: Dori Caymmi
Artista: Dori Caymmi
Onde: Supremo Musical (r. Oscar Freire, 1.000, tel. 011/852-0950)
Quando: sexta e sábado, às 22h, e domingo, às 21h; até 1º de junho
Quanto: R$ 30

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