São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997 |
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Dois franceses são mortos em Kinshasa
RICARDO BONALUME NETO
"Eles foram mortos quando saíam de uma fábrica em Limete. Foram mortos por dois soldados", disse um diplomata francês no Congo-Kinshasa. A identidade dos assassinos não estava clara. Rebeldes e ex-soldados de Mobutu usam uniformes semelhantes. A França, país próximo do ex-ditador Mobutu Sese Seko, Bélgica, EUA, Reino Unido e Portugal mantinham tropas estacionadas no vizinho Congo-Brazzaville para que retirassem seus nacionais caso isso se fizesse necessário. As tropas nunca foram acionadas e estavam sendo desmobilizadas, segundo havia informado uma autoridade francesa. Novo governo Os incidentes não tiraram a calma da capital, de 5 milhões de habitantes. Os homens do novo governo nem haviam sido oficialmente nomeados ontem de manhã em Kinshasa, mas a máquina burocrática começava a retornar ao normal. A ciranda de nomeações para cargos oficiais também começava aos poucos. No Ministério da Informação já havia documentos oficiais sendo carimbados com novos selos representando o novo governo. Em Goma, o personagem Rei Leão, de Walt Disney, figurava no selo dos documentos concedidos a jornalistas pelos então rebeldes. Uma boa indicação dos novos tempos é o principal hotel da cidade, o Inter-Continental, que agora está repleto de partidários do governo Kabila. É mais uma das ondas de ocupação do hotel nos agitados últimos dias do velho Zaire, e primeiros da nova República Democrática do Congo. A princípio vieram jornalistas estrangeiros, depois partidários de Mobutu em busca de segurança antes da fuga, em seguida comerciantes libaneses receosos de saques, e finalmente homens de negócio, a maioria africanos por enquanto, e pessoal da aliança. Também sinal dos tempos, o grande salão de reuniões chamado Zaire agora tem apenas a palavra "Salon" na sua entrada. A placa de cobre na entrada do hotel com a data da inauguração por Mobutu ainda continua -pois à época o país ainda era a República Democrática do Congo, diz um porteiro. "Mas vamos apagar o nome de Mobutu. Se fosse possível trazê-lo de seu exílio, todos os 45 milhões de zairenses iriam querer comê-lo, mesmo não sendo nosso hábito comer carne humana." Os jornais locais já falam que a população de Kinshasa não concedeu um "cheque em branco" a Kabila. As reclamações básicas são o desemprego e o péssimo estado da infra-estrutura do país. O Congo-Kinshasa é rico em recursos minerais, como cobre e diamantes. São especialmente as concessões de diamantes que estão sendo renegociadas agora. Empresas de vários países têm interesse no subsolo zairense. (RBN) Texto Anterior: Empresários temem perseguição rebelde Próximo Texto: Línguas e etnias dividem o país Índice |
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