São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997
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Corpo de militar morto em Angola chega hoje ao Rio

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
EM LUANDA E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O corpo do cabo fuzileiro naval Aladarque Cândido dos Santos, que morreu na segunda-feira em Angola, chega ao Rio de Janeiro às 16h de hoje, no vôo 562 da companhia aérea angolana TAAG.
O cabo do Exército Samuel Sobrinho Correia, que levou dois tiros, foi transferido do hospital da Marinha, em Huambo (centro-sul do país), para o hospital do Exército em Viana, arredores de Luanda, capital de Angola. Ele está em estado grave, mas estável, segundo funcionários da ONU em Luanda.
O presidente Fernando Henrique Cardoso foi informado ontem da morte do fuzileiro pelo chefe do Gabinete Militar, o general Alberto Cardoso. Apesar do incidente, a ordem do presidente é cumprir a missão e ficar no país até concluir as tarefas acertadas com a ONU.
Os dois soldados da força de paz da ONU faziam parte de escolta a um comboio que transportava alimentos e civis na Província de Huambo quando foram assaltados por quatro homens armados nas cercanias da cidade de Vila Nova.
Depois de um tiroteio, outras pessoas armadas atacaram a coluna. A área do incidente faz parte da zona de influência da Unita, partido político originado da guerrilha de mesmo nome que controlava militarmente a Província a pacificação do país, em 1994.
As primeiras indicações são de que o ataque foi um crime comum. É sabido em Angola que muito dos ex-guerrilheiros da Unita naquela região conservaram suas armas e têm praticado roubos na área, especialmente de alimentos, depois vendidos no câmbio negro por preços até 20 vezes maiores.
O fuzileiro Aladarque foi atingido por três tiros. Ele e o cabo Correia estavam no primeiro caminhão do comboio humanitário.
Desmobilização
Angola era uma colônia portuguesa e tornou-se independente em novembro de 1975. Durante quase 20 anos o país ficou envolvido numa guerra civil que opôs o MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola), partido de cunho marxista que assumiu o poder, à Unita (União Nacional para a Independência Total de Angola).
Os dois partidos assinaram em 1994 um acordo de paz. Para implementá-lo, a ONU organizou uma missão de paz soldados de 11 países, incluindo o Brasil.
Desde o mês passado, quando a Unita aceitou integrar um governo de transição, a ONU vem desmobilizando a missão de paz.

O jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva está em Angola a convite da organização não-governamental World Learning

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