São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997
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COMPETÊNCIA BRASILEIRA

A globalização consagrou nos últimos anos uma espécie de panacéia: a capacidade de competição global.
A complexidade da questão é evidente quando se tenta medir a competitividade dos países.
Podem-se tentar comparar sociedades, economias e culturas diferentes criando um indicador relativo, como faz o Fórum Econômico Mundial, que encomendou um índice preparado anualmente sob a supervisão do economista norte-americano Jeffrey Sachs, da Universidade Harvard.
Segundo a classificação de Sachs, o Brasil pula do 45º para o 7º lugar quando se leva em conta o critério "crescimento de mercado".
Entretanto, o indicador estrito de competitividade revela que o Brasil ainda ocupa posição medíocre, o 42º lugar entre 53 países (ainda assim, uma melhora com relação ao 48º lugar obtido no ano passado).
A dificuldade maior está justamente no fato de que, segundo a teoria econômica, um mercado em expansão é uma das formas decisivas para aumentar a competitividade (por meio de ganhos de escala de produção).
No caso brasileiro, o crescimento do mercado consumidor depois do Plano Real levou a uma explosão das importações. Hoje, a dúvida é se depois dessa fase aumentará a competitividade ou se o déficit comercial, além de insustentável, vem refletindo apenas uma onda consumista.
O fórum que se reúne sob a coordenação do ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso colocou em evidência justamente a enorme dificuldade, sob os parâmetros do Plano Real, de fazer com que a economia brasileira cresça mais nos próximos anos.
Sem poder crescer "demais" para evitar déficits comerciais, aumentam as dificuldades para uma melhoria contínua da competitividade do Brasil nos próximos anos.
Vê-se quão terrível é o círculo vicioso: sem competitividade não há crescimento numa era global, mas sem crescimento fica difícil ganhar competitividade. Esse é hoje um dilema vital da economia brasileira.

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