São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 1997 |
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São Paulo aprende a driblar paralisação
DA REPORTAGEM LOCAL O paulistano aprendeu a se virar em dia de greve. Apesar de a paralisação de ônibus ter tido grande adesão da categoria, o impacto do protesto na cidade foi menor do que o esperado.Ontem a CET não registrou nenhum recorde de congestionamento em São Paulo. O trânsito esteve lento nas avenidas centrais, mas sem grandes problemas. Muita gente evitou sair de casa, mas quem procurou alguma alternativa de locomoção, na maioria das vezes, encontrou transporte. O funcionamento do metrô e dos trens metropolitanos e a grande oferta de esquemas alternativos de transporte (perueiros, ônibus clandestinos e fretados e caronas de particulares) amenizaram o caos que uma greve de ônibus costumava causar na cidade de São Paulo. "As pessoas estão aprendendo a se defender de problemas como uma greve", afirmou Nélson Maluf El-Hage, presidente da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). Para ele, como a greve dos motoristas vinha sendo anunciada há muitos dias, as pessoas se prepararam para enfrentar um dia sem ônibus na cidade. O secretário-executivo da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), Ayrton Camargo e Silva, concordou com o raciocínio do presidente da CET. "As pessoas estão mais vacinadas contra greves", disse Silva. Para o dirigente da ANTP, depois da introdução do rodízio de carros no inverno paulistano e da difusão maciça de perueiros, os moradores da cidade se acostumaram a procurar novas alternativas de transporte. "Nenhum meio de transporte consegue substituir os ônibus na cidade, mas é inegável que as Kombis e vans dos perueiros pegam uma parcela cada vez maior de usuários", disse Silva. O presidente da associação dos perueiros da zona sul da cidade, Laércio Ezequiel dos Santos, disse que "a cidade não sentiu falta dos ônibus hoje (ontem)". Ele afirmou que o impacto da greve foi pequeno. "Os perueiros contam com o apoio da população. Nossas peruas são mais rápidas e mais confortáveis do que os ônibus", disse Santos. Segundo Santos, o número de pessoas que abraçaram a profissão de perueiro clandestino na cidade de São Paulo é hoje 70% maior do que em junho do ano passado. Ele calculou que haja cerca de 15 mil perueiros clandestinos na cidade. O próprio sindicato dos motoristas e cobradores de ônibus admitiu que a existência de cada vez mais perueiros ajuda a amenizar os impactos da greve. "É lógico que os perueiros diminuem o peso da greve", afirmou José Carlos da Silva, diretor administrativo do sindicato. Texto Anterior: Sem-teto são feridos no Piauí Próximo Texto: Passageiros demoram, mas chegam ao trabalho Índice |
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