São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 1997
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São Paulo aprende a driblar paralisação

DA REPORTAGEM LOCAL

O paulistano aprendeu a se virar em dia de greve. Apesar de a paralisação de ônibus ter tido grande adesão da categoria, o impacto do protesto na cidade foi menor do que o esperado.
Ontem a CET não registrou nenhum recorde de congestionamento em São Paulo. O trânsito esteve lento nas avenidas centrais, mas sem grandes problemas.
O pico de congestionamento do dia foi registrado às 18h30 -109 km. O recorde do ano ocorreu na tarde de 17 de abril. Foram 201 km de congestionamento.
Em 8 de maio de 96, quando houve outra greve de ônibus, o maior congestionamento da manhã chegou a 130 km.
Muita gente evitou sair de casa, mas quem procurou alguma alternativa de locomoção, na maioria das vezes, encontrou transporte.
O funcionamento do metrô e dos trens metropolitanos e a grande oferta de esquemas alternativos de transporte (perueiros, ônibus clandestinos e fretados e caronas) amenizaram o caos que uma greve de ônibus costumava causar.
"As pessoas estão aprendendo a se defender de problemas como uma greve", afirmou Nélson Maluf El-Hage, presidente da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). Para ele, como a greve dos motoristas vinha sendo anunciada há muitos dias, as pessoas se prepararam.
O secretário-executivo da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), Ayrton Camargo e Silva, concorda.
"As pessoas estão mais vacinadas contra greves", disse Silva. Para ele, depois da introdução do rodízio de carros no inverno paulistano e da difusão maciça de perueiros, os moradores da cidade se acostumaram a procurar novas alternativas de transporte.
"Nenhum meio de transporte consegue substituir os ônibus na cidade, mas é inegável que as Kombis e vans dos perueiros pegam uma parcela cada vez maior de usuários", disse Silva.
O presidente da associação dos perueiros da zona sul da cidade, Laércio Ezequiel dos Santos, disse que "a cidade não sentiu falta dos ônibus hoje (ontem)".
Ele afirmou que o impacto da greve foi pequeno. "Os perueiros contam com o apoio da população. Nossas peruas são mais rápidas e mais confortáveis do que os ônibus", disse Santos.
Segundo Santos, o número de perueiros clandestinos é hoje 70% maior do que em junho do ano passado. Ele calculou que haja cerca de 15 mil clandestinos
O próprio sindicato dos motoristas e cobradores de ônibus admitiu que a existência de tantos perueiros ajuda a amenizar o impacto da greve. "É lógico que os perueiros diminuem o peso da greve", afirmou José Carlos da Silva, diretor administrativo do sindicato.

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