São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 1997
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Perueiros aumentam tarifa até 6 vezes

DA REPORTAGEM LOCAL

Os perueiros -na maioria clandestinos- aliviaram o transtorno da greve de ônibus, mas, em algumas regiões da cidade de São Paulo, cobraram preços abusivos.
No largo 13 de Maio, em Santo Amaro (zona sul), alguns perueiros chegaram a cobrar mais de seis vezes o valor normal da passagem.
"Pegamos gente cobrando até R$ 5 pela lotação", disse Laércio Ezequiel dos Santos, presidente da associação dos perueiros da zona sul. Poucos chegaram a cobrar tão caro pela passagem, mas abusos na cobrança foram comuns.
A tarifa normal dos perueiros é R$ 0,80, mesmo valor da passagem de ônibus. A grande maioria dos perueiros do largo, tradicionalmente grande ponto de concentração de lotações, cobrou R$ 2.
Para faturar um dinheiro extra, pessoas deixaram de ir ao emprego e resolveram trabalhar como perueiros improvisados.
A professora Solange Filipini foi um desses casos. Às 5h40, quando ainda não havia amanhecido, ela ajudava pessoas a entrar em sua Kombi, que fazia a linha largo 13-Pinheiros, e justificava o valor de R$ 3 que cobrava pela passagem dizendo que "não iria pôr o seu patrimônio na rua à toa".
Os perueiros que fazem as linhas com ponto final no terminal Santana mantiveram o preço da tarifa em R$ 0,80.
Entre as 5h e as 7h, o perueiro Sérgio Forioso, 39, fez quatro viagens até a Vila Nilo -todas com lotação completa. Apesar disso, ele considerou o movimento fraco. "Como não tem ônibus, muita gente nem saiu de casa", disse.
Marcos Venturi, 27, que faz a linha do Parque Novo Mundo, afirmou que os perueiros mantiveram o preço normal da tarifa para não "queimar a linha" com os passageiros habituais. "Eu ganharia hoje e perderia amanhã", disse.
A arrumadeira Maria Iva Soares, 38, perdeu só 15 minutos com a greve. Pagou R$ 0,80 por um lotação de Lauzane Paulista (zona norte) até o terminal Santana. De lá, iria de metrô até a região central.
A funcionária pública Débora Lúcia Leme, 24, estava disposta a pegar um lotação em Pinheiros (zona oeste), mas disse que pagaria, no máximo, R$ 1.
Na zona leste, os ônibus de cooperativas e os trens da CPTM eram alternativas de transporte.

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