São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 1997
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Governo vai lançar US$ 1 bi em títulos

Papéis terão prazo de 30 anos e juro maior

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo anunciou ontem o lançamento no mercado de, no mínimo, US$ 1 bilhão em bônus com prazo de vencimento de 30 anos para a troca dos papéis que compõem a dívida externa renegociada em 1994.
É a primeira vez que o governo brasileiro faz uma operação como essa de troca da dívida externa em leilão público. A intenção é mudar o perfil da dívida.
Com a operação, o Brasil vai alongar o prazo para pagamento da dívida externa e recomprar com desconto a dívida antiga.
Ainda poderá resgatar garantias em títulos para a dívida renegociada em 1994, que estão depositadas no BIS (Banco para Compensações Internacionais, na Suíça, uma espécie de banco central dos bancos centrais de todo o mundo).
Com o resgate das garantias no BIS, o Banco Central poderá agregar títulos do governo norte-americano, com prazos de até 30 anos, às suas reservas.
Ou pode vender as garantias e recomprar mais títulos antigos da dívida externa, conforme explicou ontem o diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Gustavo Franco, responsável pela emissão dos papéis.
Segundo ele, as garantias não serão vendidas em um só lote para não baixar o preço dos papéis.
Os juros dos novos títulos são mais altos. Entretanto, segundo Franco, não terão reflexos nas contas externas, porque incidirão sobre um valor menor do débito.
As propostas dos interessados poderão ser apresentadas até o dia 3 de junho. No dia 4, segundo Franco, será anunciado o resultado da operação.
O primeiro benefício da operação é diminuir o valor principal da dívida externa nos chamados títulos "bradies" -papéis emitidos em 1994, hoje no valor de US$ 44 bilhões.
Somente 25% do total dos bônus emitidos poderá ser comprada em dinheiro. Os 75% restantes deverão ser trocados por papéis da dívida renegociada em 1994.
Segundo Franco, o governo também poderá abater a dívida interna se houver sobra na troca da dívida externa velha por bônus de 30 anos.
A operação vinha sendo estudada pelo BC desde que operação semelhante foi realizada pelo México e pelas Filipinas, em 96.
Com a decisão do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) de manter estáveis as taxas de juros, anunciada na terça-feira, o governo brasileiro anunciou ontem pela manhã o lançamento.
Caso o Fed decidisse aumentar a taxa básica norte-americana, o custo do lançamento desses papéis brasileiros poderia aumentar.

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