São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 1997
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Do mais querido até a Maria Callas

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Meus amigos, meus inimigos, o Flamengo, pela má campanha no Estadual, era o time que angariava menos favoritismo entre os quatro semifinalistas da Copa do Brasil.
Pois bem, jogando um futebol prudente em Porto Alegre, o mais querido conseguiu reverter a expectativa e entra como favorito hoje no Maraca.
Para o bem da partida, os gladiadores de ambos os lados estarão de fora. Júnior Baiano, do lado rubro-negro, e Dinho, do lado black and blue.
Previsão de bom espetáculo.
*
Quando todos esperavam a melhor decisão do Paulista dos últimos anos, a mesquinharia entre a CBF e a Federação Paulista tira, mais uma vez, o brilho da competição.
Sem Cafu e Djalminha, o Palmeiras entra em desvantagem nas voltas finais.
E o São Paulo, em ascensão, sofre uma baixa terrível com a convocação do Denílson.
*
Outro dia, praticando essa forma moderna de divagar que é o zapping, deparei-me com a cena de um filme B na qual um ator hipercaricato voltava seu traseiro para a câmera e fazia uma paródia do "sole mio", transformado em "sado mio".
A cena veio a calhar por que eu andava ruminando a maneira de responder a dois faxes, agradavelmente informados, que recebi a propósito de uma brincadeira nesta coluna.
O primeiro deles recebi do Sílvio Lancellotti (aliás, como mostrou mais uma vez ontem no jogo decisivo da Copa da Uefa, ele continua sendo o melhor comentarista de jogos na Europa), um preciso apontador dos erros do colunista.
O outro fax foi-me enviado pelo leitor Ricardo Vespucci.
Os dois lembram que não é "bambino" (menino), mas "babbino (papaizinho) caro" que está no libreto que Gioacchino Forzano escreveu para a ária da ópera "Gianni Schicchi", de Puccini.
Fazer brincadeira com texto é fogo. Como não posso ter os recursos do histrião ator do filme, corro o risco de não ser entendido e o soneto fica precisando da emenda.
A idéia de transformar o "babbino" em "bambino" (assim como essa coluna já usou as brincadeiras "teen bolada" ou o "let's gol") nasceu nos dias em que vi Kiri Te Kanawa cantar essa ária, no Cultura Artística, e o Túlio, tão festejado, ou ficar na reserva do Corinthians ou ser substituído logo no início de uma partida.
A brincadeira, por sinal, não era só com o bambino. Era também com o caro, que além de querido, para nós significa algo que custa muito dinheiro (e, de fato, ele custou muito).
Apesar de madame Te Kanawa estar curtindo no Brasil uma dor-de-cotovelo digna do gremista Lupicínio Rodrigues (o marido deu o fora), ela continuou fria demais na interpretação da sentimental ária.
Essa foi a razão pela qual escolhi, na hora de escrever, uma interpretação da Maria Callas, uma cantora capaz de mostrar os extremos da superioridade e da fragilidade humana, para fazer a trilha do Túlio.
Na verdade, mais uma licença desse autor, pois nem mesmo sei se mrs. Onassis chegou a interpretar a ária (pelo menos não tenho o registro). Se a brincadeira não colou, eu mereço a cara de bobo.

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