São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 1997
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Verdi dá um baile no Municipal

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

A temporada lírica do Teatro Municipal de São Paulo começa no próximo sábado em grande estilo.
"Un Ballo in Maschera" (Um Baile de Máscaras), de Giuseppe Verdi (1813-1901), trará solistas como a soprano norte-americana Aprile Millo e a meio-soprano russa Elena Obraztosova, escolhida por Claudio Abbado para o elenco de uma das gravações da ópera.
Será uma superprodução de R$ 1,3 milhão, com cenografia de Ezio Frigerio e figurinos de Franca Squarciapino, ambos do teatro Colón, de Buenos Aires, de onde vieram roupas e cenários.
Dois elencos se revezarão em oito récitas até 1º de junho, com a Orquestra Sinfônica Municipal e o Coral Lírico, regidos pelo maestro Isaac Karabtchevsky.
Em "Un Ballo...", Verdi começa a escapar de uma lógica narrativa segundo a qual a ópera é concebida como uma sucessão de pequenos blocos. A música passa a fluir mais liberada, em processo que Verdi consumaria plenamente em seus dois últimos trabalhos, "Otello" e "Falstaff".
A ópera estreou em Roma, em 1859. Deveria ter sido encenada no ano anterior em Nápoles, mas foi vetada pela censura por narrar o assassinato, durante um baile de máscaras, do rei sueco Gustavo 3º, um episódio verídico ocorrido em Estocolmo, no final do século 18.
O tema do regicídio não era propriamente um tabu, mesmo porque -bem antes do libreto de Francesco Maria Piave, utilizado por Verdi- o mesmo episódio havia sido narrado por Eugene Scribe, em 1832, para uma ópera planejada por Rossini, mas que só Daniel Auber chegou a compor.
O zelo dos censores italianos vitimou Verdi por outra razão. Antes da estréia abortada, o revolucionário Felicio Orsini havia tentado matar o imperador francês Napoleão 3º. A ópera seria interpretada como uma alusão ao atentado.
A sugestão que Verdi acatou foi a de deslocar a ação de "Un Ballo..." para os EUA, nos tempos da colonização britânica (século 17). A vítima do homicídio passou a se chamar Riccardo, suposto governador da cidade de Boston.
Embora a música seja a mesma, a ópera possui duas versões: a "sueca" e a "de Boston". Em São Paulo, a opção recaiu sobre a versão sueca, hoje bem mais praticada nas cenas líricas, que corresponde às intenções iniciais de Verdi.

Ópera: Un Ballo in Maschera, de Verdi
Orquestra e Regência: Sinfônica Municipal, Isaac Karabtchevsky
Quando: dias 24, 25, 27, 28, 29, 30, 31 de maio e 1º de junho
Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº; tel. 011/222-8698)
Quanto: de R$ 5 a R$ 50, no teatro ou pelo Tele-Ingressos Statione: 011/5589-8202 e 0800-128202

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