São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 1997
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Festival de Veneza homenageia Kubrick

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Passado o decepcionante cinquentenário do Festival de Cannes, as expectativas voltam-se para os grandes festivais do segundo semestre.
Destacam-se uma remodelada Mostra Internacional de Arte Cinematográfica de Veneza (agosto/setembro), o também cinquentão Festival de Locarno (Suiça, agosto) e de San Sebastián (Espanha, setembro).
Uma retrospectiva dedicada ao cineasta americano Stanley Kubrick ("2001, Uma Odisséia No Espaço") será a principal mas não única atração de Veneza/97. Kubrick vai receber um dos três Leões de Ouro pela carreira.
Os dois outros irão para a atriz italiana Alida Valli ("Senso", "A Estratégia da Aranha") e para o francês Gérard Depardieu ("Cyrano").
Confirmado para o período entre 27 de agosto e 6 de setembro, o festival italiano altera radicalmente seu formato com a mudança de guarda em sua direção.
Sai o cineasta Gillo Pontecorvo, entra Felice Laudadio, um experimentado organizador de festivais, cujo principal triunfo foi o estabelecimento, em Viareggio (Itália), da mais estável mostra de cinema exclusivamente europeu. Laudadio assume com um mandato provisório de um ano.
Seu natural esforço pela ampliação deste período tem por estratégia principal a recuperação do perfil historicamente mais prestigiado de Veneza, ligado aos seis anos de gestão do crítico e cineasta Carlo Lizzani.
A competição pelo Leão de Ouro promete evitar o eurocentrismo da concorrência e estabelecer um maior equilíbrio internacional.
Voltam as sessões paralelas Mezzogiorno/Mezzanotte (Meio-Dia, Meia-Noite), respectivamente dedicadas a filmes marcados por inovações narrativas trazendo "forte adesão a específicas identidades nacionais" e a longas que misturam "impacto visual e espetacular" à "pesquisa de linguagens cinematográficas radicais".
Retornam ainda a Semana da Crítica, para a qual já foi selecionado o brasileiro "Baile Perfumado" de Paulo Caldas e Lírio Ferreira, e o ciclo "Oficina", reservado a documentários, curtas experimentais e videoarte.
Uma das grandes inovações é o estabelecimento de um Leão de Prata para curtas-metragens internacionais. Um restrito mercado para filmes de arte também será criado. Laudadio promete ainda inaugurar uma nova sala de projeções no Lido veneziano.
Serão ainda homenageados o ator italiano Marcelo Mastroianni, morto em dezembro último, e o cineasta Roberto Rossellini (1906-1977), no 20º aniversário de sua morte.
Além da retrospectiva Kubrick, Veneza vai apresentar ainda a mostra "Veneza Há 50 Anos: a Bienal de Cinema de 1947". Criado em 1932, Veneza é o mais antigo festival de cinema do mundo.
Locarno
Logo antes da mostra italiana, será a vez do Festival Internacional de Cinema de Locarno (Suiça) celebrar sua 50ª edição. Assim como Cannes, Locarno surgiu em 1946 e também por dois anos (1951 e 1956) problemas financeiros inviabilizaram-no.
O evento suiço disputa com o festival de Roterdã (Holanda) a liderança do segundo grupo das mostras cinematográficas internacionais. Ambos têm em comum a maior abertura para novos realizadores e cinematografias alternativas.
Algo surpreendente, assim, é a escolha de uma homenagem ao cinema americano do pós-guerra para as comemorações deste ano (6 a 16 de agosto). Trinta cineastas dos EUA foram convidados a selecionar um "filme de cabeceira" (leia quadro ao lado).
O título mais antigo, "Paixão Selvagem" (Canyon Passage, 1946) de Jacques Tourneur, foi escolhido por Martin Scorsese. O mais recente, "Ed Wood" (1995) de Tim Burton, por Paul Morrisey.
San Sebastián
O resgate da história do cinema americano destaca-se também no programa do Festival de San Sebastián (Espanha), que acontece entre 18 e 27 de setembro.
A principal retrospectiva será dedicada ao diretor de comédias Mitchell Leisen (1899-1972), figurinista e cenógrafo de origem, que acabou rodando nada menos que 42 filmes ("Meia-Noite", "Venenos dos Bórgias") entre 1933 e 1967.
Outro americano, Peter Bogdanovich ("A Última Sessão de Cinema"), será o cineasta homenageado.

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